O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), disse ontem que existe a possibilidade de mais pessoas serem responsabilizadas pelo atentado da última sexta-feira a duas escolas, em Aracruz, que acabou com a morte de três professoras e de uma estudante e deixou 18 feridos. Segundo ele, a investigação vai dizer como o jovem que atirou nas vítimas, de 16 anos, tinha tanta habilidade com armas.
Segundo o governador, ao ser interrogado, o jovem disse ter agido sozinho. "Isso não é suficiente para a polícia, que vai fazer toda a investigação técnica. Já temos acesso ao telefone e aos computadores dele", explicou o governador. De acordo com Casagrande, a investigação é que vai mostrar se o suspeito tinha vínculo com algum grupo de fora, neonazista ou fascista. "O que está bem claro é que ele sabia manusear muito bem as armas e que planejou a ação", comentou.
De acordo com Casagrande, ainda não é possível dizer se o pai do jovem, que é policial militar e dono de uma das armas usadas, será responsabilizado pelo atentado. "Por mais que a gente queira identificar tudo rapidamente, a investigação é que vai dizer se há mais responsáveis, se o uso da arma teve alguma responsabilidade do policial que, naturalmente, estava com ela em casa", explicou. "A Polícia Militar está em processo de investigação, mas é a Polícia Civil que vai ver se houve, de fato, cumplicidade de alguém."
Pelas informações disponíveis até o fechamento desta edição, o jovem vai responder por ato infracional análogo a três homicídios e a 10 tentativas de homicídio qualificadas. "Ele pode ficar preso, mas vai depender da avaliação psicológica e das condições dele", disse o governador.
A professora Marlene Fernandes Barcelos, que trabalha na escola estadual Primo Bitti, a primeira a ser atacada (a outra foi o Centro Educacional Praia do Coqueiral), relatou como escapou do atentado. Após ouvir o primeiro disparo, ela correu e ordenou que fosse aberto o portão, tornando possível a fuga dos alunos. "Foi tudo muito rápido", lembrou, em relato ao UOL Notícias, após o enterro da professora Flávia Merçon Leonardo, ontem, no Cemitério Jardim da Paz, na Serra, região metropolitana de Vitória.
Com a respiração ainda ofegante, Marlene tentava encontrar alguma colega de trabalho para falar sobre o atentado. "Não quero lembrar sozinha do que a gente viveu", comentou. Como elas haviam ido embora, ela começou a dar detalhes sobre a tragédia. Segundo a docente, foi um dia atípico na escola. Normalmente, ela ficava na sala dos professores, mas, na sexta-feira, não estava lá, porque se despedia de um palestrante.
"Ao entrar na sala, convidei uma colega para sair porque era o horário do recreio e os alunos estavam na fila", contou. Em seguida, disse ter ouvido o primeiro tiro. "No começo, achei que fosse bombinha. Quando percebi que era tiro, corri e pedi que o guarda abrisse o portão. Falei: 'sai que é tiro'. Aí, os alunos correram. Alguns até pularam o muro da escola", lembra. "Os alunos conseguiram fugir. A tragédia poderia ter sido ainda maior. Nós sobrevivemos", disse. (Com agências)
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