Tragédia no ES

Polícia investiga se há mais envolvidos em atentados de Aracruz

Polícia investiga se há outros envolvidos, como grupos neonazistas, no atentado em que jovem matou quatro pessoas em Aracruz

Fernanda Strickland
postado em 28/11/2022 06:00
 (crédito:  AFP)
(crédito: AFP)

O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), disse ontem que existe a possibilidade de mais pessoas serem responsabilizadas pelo atentado da última sexta-feira a duas escolas, em Aracruz, que acabou com a morte de três professoras e de uma estudante e deixou 18 feridos. Segundo ele, a investigação vai dizer como o jovem que atirou nas vítimas, de 16 anos, tinha tanta habilidade com armas.

Segundo o governador, ao ser interrogado, o jovem disse ter agido sozinho. "Isso não é suficiente para a polícia, que vai fazer toda a investigação técnica. Já temos acesso ao telefone e aos computadores dele", explicou o governador. De acordo com Casagrande, a investigação é que vai mostrar se o suspeito tinha vínculo com algum grupo de fora, neonazista ou fascista. "O que está bem claro é que ele sabia manusear muito bem as armas e que planejou a ação", comentou.

De acordo com Casagrande, ainda não é possível dizer se o pai do jovem, que é policial militar e dono de uma das armas usadas, será responsabilizado pelo atentado. "Por mais que a gente queira identificar tudo rapidamente, a investigação é que vai dizer se há mais responsáveis, se o uso da arma teve alguma responsabilidade do policial que, naturalmente, estava com ela em casa", explicou. "A Polícia Militar está em processo de investigação, mas é a Polícia Civil que vai ver se houve, de fato, cumplicidade de alguém."

Pelas informações disponíveis até o fechamento desta edição, o jovem vai responder por ato infracional análogo a três homicídios e a 10 tentativas de homicídio qualificadas. "Ele pode ficar preso, mas vai depender da avaliação psicológica e das condições dele", disse o governador.

A professora Marlene Fernandes Barcelos, que trabalha na escola estadual Primo Bitti, a primeira a ser atacada (a outra foi o Centro Educacional Praia do Coqueiral), relatou como escapou do atentado. Após ouvir o primeiro disparo, ela correu e ordenou que fosse aberto o portão, tornando possível a fuga dos alunos. "Foi tudo muito rápido", lembrou, em relato ao UOL Notícias, após o enterro da professora Flávia Merçon Leonardo, ontem, no Cemitério Jardim da Paz, na Serra, região metropolitana de Vitória.

Com a respiração ainda ofegante, Marlene tentava encontrar alguma colega de trabalho para falar sobre o atentado. "Não quero lembrar sozinha do que a gente viveu", comentou. Como elas haviam ido embora, ela começou a dar detalhes sobre a tragédia. Segundo a docente, foi um dia atípico na escola. Normalmente, ela ficava na sala dos professores, mas, na sexta-feira, não estava lá, porque se despedia de um palestrante.

"Ao entrar na sala, convidei uma colega para sair porque era o horário do recreio e os alunos estavam na fila", contou. Em seguida, disse ter ouvido o primeiro tiro. "No começo, achei que fosse bombinha. Quando percebi que era tiro, corri e pedi que o guarda abrisse o portão. Falei: 'sai que é tiro'. Aí, os alunos correram. Alguns até pularam o muro da escola", lembra. "Os alunos conseguiram fugir. A tragédia poderia ter sido ainda maior. Nós sobrevivemos", disse. (Com agências)

 

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