CATAR

Brasileira diz ter sido barrada em voo no Líbano por ser 'muito gorda'

Juliana e a mãe continuam em Beirute mesmo após a intervenção do consulado brasileiro no país. "Já sofri gordofobia de todo jeito no Brasil, mas nunca imaginei passar por isso"

Jéssica Andrade
postado em 24/11/2022 10:38 / atualizado em 24/11/2022 15:32
 (crédito: Reprodução/ Instagram: @juliananehme - Thiago Borges)
(crédito: Reprodução/ Instagram: @juliananehme - Thiago Borges)

A modelo brasileira Juliana Nehme afirma ter sido impedida de realizar uma viagem de avião do Líbano para o Catar, em voo da empresa Qatar Airways por ser 'gorda'. O caso aconteceu nesta terça-feira (22/11).

Juliana viajava com a mãe, a irmã e o sobrinho. A família comprou passagens para Doha, onde embarcaria de volta para o Brasil. No entanto, ela foi impedida pela aeromoça, que exigiu que ela comprasse uma passagem de primeira classe. 

"Chegando na hora de fazer o check-in, uma aeromoça da Qatar chamou minha mãe enquanto a moça finalizava nosso check-in e disse pra ela que eu não era bem vinda para embarcar porque sou gorda. Eles não iam me receber no voo", contou a modelo pelo Instagram. 

Juliana alegou ter pago US$ 1 mil pelas passagens, cerca de R$ 6 mil, que foi retida pela funcionária da empresa aérea. "Ela simplesmente se nega a me dar as passagens e me deixar embarcar no voo para Doha porque eu sou gorda. Eles estão negando o meu direito de viajar, sendo que vim de Airfrance normal, não tive problemas."

Após horas de negociação sem sucesso, a irmã e o sobrinho seguiram viagem. A mãe de Juliana ficou no país árabe com ela. "Eles queriam que minha mãe fosse embora e me deixasse sozinha aqui no Líbano.
Mas não falo inglês nem árabe. Ela se recusou. Minha irmã foi com meu sobrinho embora para o Brasil
E ficamos aqui", afirma. 

A modelo conta ainda que não previa os gastos extras e não tem como se manter por muito tempo no país. "Estou tendo gastos com hotel e táxi que não precisavam. Não tenho dinheiro para me manter aqui por mais tempo".

Além de não oferecer assistência à mãe e filha, Juliana afirma que a Qatar exige que ela compre uma nova passagem para a mãe e faça o upgrade da passagem dela para a classe executiva. "Mas ninguém quis me vender! Fui extremamente humilhada na frente de todas as pessoas que estavam no aeroporto! Tudo isso porque sou gorda."

Juliana e a mãe continuam em Beirute, mesmo após a intervenção do consulado brasileiro no país. Após negociação com a empresa, o consulado conseguiu que a Qatar autorizasse o embarque mediante a compra de um assento extra e o pagamento de multas pela viagem não realizada. No entanto, apenas a agente de viagens que comprou as passagens pode fazer a compra do novo assento. 

"Eu falei com a moça dessa agência, mas ela falou que eles estafam fechados e ela não poderia fazer nada por mim e eu teria que esperar até amanhã. Eu estou muito desesperada porque não quero mais ficar aqui. Eu nunca na minha vida imaginei passar por isso. Já sofri gordofobia de todo o jeito no Brasil, mas nunca imaginei ser olhada da forma que fui olhada. Nunca imaginei que minha família passaria por isso", desabafa a modelo. 

Ao Correio, o Itamaraty informou que o Ministério das Relações Exteriores, por meio da Embaixada do Brasil em Beirute, está em contato com Juliana e presta a assistência cabível. O Correio tentou contato com a Qatar Airways, mas ainda não teve retorno. 

Atualização

Pouco mais de 4 horas após a publicação desta matéria, Juliana Nehme informou, por meio do Instagram, que a Qatar permitiu o embarque da modelo e da mãe dela, sem o pagamento de multas ou a compra de uma cadeira extra.

Ela informou ainda que recebeu o apoio da Embaixada do Brasil no Líbano e que deve desembarcar em São Paulo nesta sexta-feira (25/11). Juliana também agradeceu a todos que apoiaram a causa dela.

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