Após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovar, em reunião extraordinária, a liberação da vacina bivalente da Pfizer contra covid-19 na população acima de 12 anos de idade, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou ontem que os imunizantes devem ser aplicados no país "em breve". Nas redes sociais, ele disse que a pasta receberá um cronograma de envio da farmacêutica e reforçou a necessidade da imunização.
"Venho mais uma vez fazer um apelo a todos os brasileiros: vacinem-se contra a covid-19, atualizem a caderneta de vacinação contra a doença. Hoje, a média móvel de novos casos da covid-19 aumentou 161% nos últimos 14 dias. Não podemos relaxar quando temos as armas contra o vírus", escreveu. "O atual contrato do Ministério da Saúde com os fornecedores contempla a entrega de vacinas atualizadas contra novas cepas. Em breve, teremos o cronograma de envio de lotes."
A Anvisa promoveu ontem uma reunião da diretoria para tratar do aumento significativo de casos da covid-19 no país. As duas vacinas bivalentes consideradas de "segunda geração" foram elaboradas para oferecer proteção extra contra a ômicron e suas subvariantes. A diretora Meiruze Sousa Freitas, relatora do processo na Anvisa, afirmou que as subvariantes BA4, BA5, BQ1.1 são, de fato, a maioria dos novos casos de covid registrados atualmente.
Ela acompanhou, contudo, o pedido de Queiroga para que a população continue tomando as doses de reforço, no momento indicado, com as vacinas monovalentes. "Os indivíduos elegíveis para uma dose de reforço, particularmente aqueles em grupos com maior risco de desenvolver covid na forma grave, não devem atrasar a sua vacinação planejada para aguardar o acesso à vacina bivalente. Todas as vacinas de reforço aprovadas ajudam a melhorar a proteção obtida com as doses anteriores da vacina e ajudam a fornecer proteção contra o adoecimento grave e os óbitos pela covid-19."
Apesar do aumento de casos atribuído às subvariantes BQ.1 e a XBB, ambas pertencentes à linhagem da ômicron, muitos brasileiros ainda estão com o esquema vacinal incompleto. O Ministério da Saúde publicou uma nota informando que 69 milhões de pessoas não tomaram a primeira dose de reforço contra a covid-19 no país, segundo dados do Programa Nacional de Imunizações (PNI). Já 32,8 milhões poderiam ter recebido a segunda dose de reforço contra a doença, mas ainda não se vacinaram. Os imunizantes estão disponíveis em mais de 38 mil postos de vacinação em todo o Brasil.
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Adaptação
O presidente da Sociedade Brasileira de Virologia (SBV), Flávio Guimarães da Fonseca, também frisou a eficácia das vacinas monovalentes, mas disse ser um passo natural a produção de imunizantes bivalentes na tentativa de controlar a pandemia. "Todas as vacinas que temos são da linhagem ancestral do vírus SARS-CoV-2 da covid-19. E quando o vírus está se multiplicando, mais variantes aparecem, ou seja, eles ficam mais aptos a sobreviver e escapar das vacinas. Então, era uma expectativa que os produtores teriam que adaptar suas vacinas para que elas conseguissem suprir a necessidade de proteger as pessoas contra as variantes."
Na avaliação do infectologista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Cláudio Maierovitch, mesmo com a aprovação das duas bivalentes da Pfizer, é essencial que as pessoas busquem os postos de saúde. "Neste momento, as vacinas disponíveis são aquelas com a ancestral que protege muito bem contra casos graves e óbitos. Nós temos uma grande parcela da população que não tomou a terceira dose, crianças pequenas que não receberam nem a primeira, nem a segunda dose. A questão mais importante é completar a vacina de quem não recebeu. Quando chegar a vacina da segunda geração, que ela seja destinada primeiro ao reforço de pessoas mais frágeis, idosos, pessoas com comorbidades, ou seja, para grupos prioritários. Isso vai demorar bastante."
O presidente da SBV ressaltou ainda a permanência da eficácia das vacinas monovalentes e afirmou que, mesmo com a dispersão das subvariantes da ômicron, é fundamental que as pessoas busquem se vacinar e fazer o uso da máscara para se proteger.
"As vacinas monovalentes continuam sendo eficazes principalmente em casos graves da doença e óbito. A gente não pode desprezar as vacinas monovalentes em função das bivalentes. Essas vacinas novas vão chegar, mas leva tempo para elas serem produzidas em massa, e a gente não deve esperar que as bivalentes fiquem prontas para se vacinar."
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