A principal reação das pessoas ao presenciarem violência de qualquer tipo contra a mulher é conversar com a vítima, diz pesquisa divulgada nesta quinta-feira (17/11), pela Redes de Apoio e Saídas Institucionais para Mulheres em Situação de Violência Doméstica no Brasil, realizada pelo Ipec e pelo Instituto Patrícia Galvão, com apoio do Instituto Beja.
“Ampla maioria dos brasileiros considera que as pessoas devem dar apoio ou denunciar ao perceberem que uma mulher está sofrendo violência”, afirma a pesquisa. Ainda que haja uma desconfiança institucional, foi mostrado que as mulheres são as maiores incentivadoras de uma ajuda especializada.
Em 42% dos casos as mulheres buscaram delegacias de polícia comuns, em 39% foram até delegacias da mulher, a maior parte estavam nas capitais. Mas o acolhimento ainda é grande entre família e amigos, três a cada 10 mulheres afirmam terem tomado essa atitude.
A pesquisa demonstra, ainda, uma lacuna entre a reação de homens e mulheres ao presenciarem uma agressão. Os homens aconselham primeiro a pessoa agredida a terminar o relacionamento (51%).
Vale lembrar que em 53% dos casos a mulher que está em situação de violência permanece dessa forma por depender financeiramente do parceiro. O medo também conta: em 43% dos cenários elas temem ser mortas pelo parceiro.
Para Marisa Sanematsu, diretora de conteúdo do Instituto Patrícia Galvão, a diferença de percepções está em quando a pessoa pensa o problema na teoria e no mundo real — que é um dos pontos buscados pela pesquisa.
“O que acontece quando você coloca esse problema na sua vida real? Quando você pergunta para o homem que teve contato com essa situação de violência doméstica, ele vai conversar com a mulher ou com o agressor para saber o que está acontecendo. Então, é isso que a gente tem que enfrentar, você está aproximando essa realidade da vida dele", disse a especialista.
"Não é mais um caso, uma teoria. A violência doméstica contra a mulher faz parte da realidade do cotidiano das mulheres e dos homens, de uma maneira ou de outra, estão como agressores ou como testemunhas. Então, o que a gente precisa é aproximar mais essas percepções mais abstratas da vida das pessoas”, complementou.
Raio-X
Em todos os casos, as mulheres que recebem até um salário mínimo são as maiores vítimas de violências de todos os tipos. Além disso, as mulheres negras são mais atingidas, 31% delas sofrem violência psicológica e 20% afirmaram terem sido agredidas (frente a 22% e 14% das mulheres brancas, respectivamente).
Mais mulheres que homens afirmam terem presenciado algum caso, que acumula no país 36% de agressões, 27% de violência psicológica e 13% de violência moral — difamação, espalhar mentiras, ter a vida íntima exposta, entre outras formas de ferir a dignidade da pessoa.
A grande maioria dos homens respondeu que não praticou nenhum tipo de violência contra a esposa, a namorada ou companheira. Dos que admitiram, 66% disse ter resolvido a questão conversando e se entendendo.
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