Covid-19

Fiocruz identifica no Amazonas surgimento de nova variante da ômicron, a BE.9

Segundo cientistas, o Amazonas tem sido um território sentinela de monitoramento da covid-19. "O que ocorre no estado tende a se repetir em outras regiões e pode acontecer novamente", disse especialista

Isabel Dourado*
postado em 14/11/2022 17:19
 (crédito:  Marcelo Camargo/Agência Brasil)
(crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A rede genômica Fiocruz identificou o surgimento de uma nova variante do coronavírus no Amazonas. Chamada de BE.9, a nova variante trata-se de uma versão da ômicron e pode ser atribuída ao aumento do número de casos no estado. Segundo cientistas, a unidade da Federação tem sido um território sentinela de monitoramento da covid-19.

“O que ocorre no estado tende a se repetir em outras regiões e pode acontecer novamente”, afirmou Tiago Gräf, da Rede Genômica. Ao analisar os resultados encontrados pela equipe do virologista Felipe Naveca, da Fiocruz Amazônia, Gräf lembra que os casos de coronavírus no Amazonas estavam em ascensão desde metade de outubro e subiram de uma média móvel de cerca de 230 casos por semana para cerca de 1.000.

Para investigar o que poderia estar causando o recrudescimento da covid-19 no estado, a equipe de Felipe Naveca realizou o sequenciamento de 200 genomas do Sars-CoV-2 entre setembro e outubro, idenficando, assim, a nova variante. A BE.9 é a evolução da sublinhagem BA. 5.3.1, ou seja, é uma ômicron da linhagem BA.5.

“O que nos deixou mais intrigados com a nova variante é que ela apresenta as mutações K444T e N460K na Spike, exatamente como a BQ.1.1. A BE.9 ainda tem uma deleção na Spike, na posição Y144”, comentou Gräf.

Competição de variantes

De acordo com o pesquisador, "a BQ.1.1 descende da BE.1, que descende também da BA.5.3.1. Então, de forma independente e em lugares diferentes no mundo, a BA.5.3.1 gerou linhagens com as mesmas mutações na Spike". "Em evolução chamamos isso de convergência", completou.

Segundo Gräf, “a BE.9 e a BQ.1.1 têm suas diferenças em outras regiões do genoma, mas na Spike são muito similares. É por isso que é muito importante que monitoremos de perto a BE.9, pois já vimos que ela fez ressurgir a covid-19 no Amazonas e não sabemos se ela poderá fazer o mesmo no resto do Brasil”.
O pesquisador acredita ainda que haverá uma competição dessas variantes “primas” em outros estados.

“A BQ.1.1 já foi identificada em São Paulo, Santa Catarina, Pernambuco e Rio de Janeiro e é possível que já esteja em mais estados. A BE.9 ainda não sabemos, pois a designação de linhagem ocorreu em 12 de novembro e, a partir desta data, vamos conseguir monitorar melhor.”

*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro

Cobertura do Correio Braziliense

Quer ficar por dentro sobre as principais notícias do Brasil e do mundo? Siga o Correio Braziliense nas redes sociais. Estamos no Twitter, no Facebook, no Instagram, no TikTok e no YouTube. Acompanhe!

Newsletter

Assine a newsletter do Correio Braziliense. E fique bem informado sobre as principais notícias do dia, no começo da manhã. Clique aqui.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação