Meio ambiente

Provocada pela agropecuária, desertificação avança na Caatinga

Processo de desertificação já ocorre em mais de 160 mil hectares de superfície no bioma da Caatinga, que compreende os estados do Nordeste, do Piauí até a Bahia, e a faixa norte de Minas Gerais

A escassez de água, processo de desertificação, já ocorre em mais de 160 mil hectares de superfície no bioma da Caatinga, que compreende os estados do Nordeste, do Piauí até a Bahia, e a faixa norte de Minas Gerais. Isso representa 16,75% do bioma. As informações são do monitoramento do MapBiomas, divulgado nesta quinta-feira (6/10). A única região em que não houve redução foi Sergipe.

“A rápida transformação da Caatinga está provocando a transformação do bioma em algumas regiões. Mapeamos a região de Irauçuba, no Ceará, e detectamos a expansão de um núcleo de desertificação. Padrão semelhante foi observado em outros núcleos de desertificação, é possível monitorar com os dados do Mapbiomas as ASDs (áreas suscetíveis à desertificação), como Jeremoabo, na Bahia”, explicou Washington Rocha, coordenador da Equipe Caatinga do MapBiomas.

Além desses, foi identificado o mesmo fenômeno no Ceará, em Pernambuco, no município de Cabrobó (PE), expandindo para o leste, no sentido de Alagoas, para Seridó, no Rio Grande do Norte, indo para a Paraíba.

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Transformação

Caatinga é um bioma totalmente brasileiro. Mais de um quarto do bioma, 25,59%, ou seis milhões de hectares, já foram modificados pelos humanos nos últimos 37 anos. Pouco mais de 15% foram alterados por queimadas — o equivalente a 13.770 hectares. 

Os maiores estragos são causados pela agropecuária, que atualmente ocupa 5,7 milhões de hectares do bioma. No período de quase quatro décadas, a atividade cresceu em um quarto, sendo o Ceará o principal estado atingido. Foram 320% a mais de natureza modificada para abrir espaço às pastagens, em Minas Gerais foram 131%. Em seguida, estão Paraíba e Rio Grande do Norte, com o dobro de crescimento de territórios ocupados para esse fim.

Até as áreas protegidas do bioma, que compreendem 30%, tiveram perdas para a agricultura e pastagens. Nas reservas, a vegetação natural foi diminuída em 7,6%. Já nas Unidades de Conservação (UC), que representam 9% do bioma, houve perda de 3,3% de área para as atividades comerciais.