Setembro foi o mês com mais registros de violência política neste ano e os políticos vinculados ao PT foram as principais vítimas dos ataques. Foram 111 episódios contra 60 de agosto. É o que registra o balanço trimestral sobre violência política e eleitoral, realizado pelo Grupo de Investigação Eleitoral (Giel), da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio). O levantamento aponta um crescimento do número de ocorrências de violência política no país.
O estudo que utiliza como metodologia a coleta de informações divulgadas na imprensa e relaciona os casos de ataques envolvendo agentes políticos — como candidatos, ex-candidatos, detentores de cargos políticos, dirigentes partidários e parentes (veja os percentuais no gráfico abaixo).
A pesquisa deixa de fora a violência política entre eleitores, como, por exemplo, o caso que ocorreu em Cascavel (CE) — onde um homem entrou em um bar, esfaqueou e matou um cliente que declarou que votaria no candidato do PT à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva. Já a morte do dirigente petista Marcelo Arruda, assassinado em Foz do Iguaçu pelo policial penal Jorge Guaranho, apoiador de Bolsonaro, faz parte do estudo. O levantamento também deixa de fora ataques contra comitês de campanhas, sedes partidárias, ou eventos e comícios — como no caso em que um drone jogou fezes e urina em apoiadores de Lula, durante comício em Uberlândia (MG), em junho passado.
Segundo o coordenador do Giel, o cientista político e professor da UniRio Felipe Borba, a tendência de alta no período eleitoral repete um padrão já observado na eleição municipal de 2020. Mas tem um aspecto positivo: apresenta um índice de letalidade menor.
Borba ressalta que o índice da violência com morte é usualmente menos expressivo em eleições nacionais e estaduais se comparado com as municipais, que envolvem as disputas locais e a briga pelo território. "A lógica da violência política, na maioria das vezes, se relaciona com a política local", salienta.
Entre os estados com os maiores índices de agressões, Alagoas e o Rio de Janeiro lideram o ranking de assassinatos de políticos, com três registros cada. Os homicídios de políticos e parentes foram contabilizados em 14 estados, e totalizaram 21 ocorrências.
Foi detectada, ainda, uma grande quantidade de ameaças contra políticos, muitas utilizando-se do anonimato das redes socias: foram apuradas 56 agressões, 26 atentados, além de duas ameaças contra parentes e dois sequestros. Nos atentados, o Rio de Janeiro também lidera o número de casos, com quatro ocorrências — como os casos contra a vereadora e candidatada a deputada federal Verônica Costa (PL-RJ) e contra o candidato a deputado federal Marcus Vinicius (SD-RJ), que sofreram ataques a tiros.
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Outro aspecto destacado por Borba é que entre as vítimas da violência, os políticos vinculados ao PT foram os principais alvos de ataques, totalizando 17,5% dos casos registrados. Na sequência vem o PSol, com 9%, seguido pelo PL, com 8%; PDT, 5,7%; e MDB, com 5,2% dos episódios.
A expectativa de Borba é que o clima se acirre neste segundo turno das eleições para presidente e governadores. Ele ressalta, porém, que sem as disputas estaduais para as assembleias legislativas e a reeleição já fechada e alguns estados, o registro de novos casos de violência política devem diminuir até o dia 30 — quando os brasileiros voltam às urnas.