violência de gênero

Thiago Brennand: após prisão e fiança, volta ao Brasil pode ser rápida

Horas depois de ser preso em Abu Dhabi, Thiago Brennand paga fiança, mas não pode deixar os Emirados — onde está desde setembro

Fábio Grecchi
Thays Martins
Mariana Albuquerque*
postado em 15/10/2022 03:55
 (crédito: Reprodução/Redes sociais)
(crédito: Reprodução/Redes sociais)

O empresário Thiago Brennand, de 42 anos, foi solto horas depois de ter sido preso por agentes da Interpol em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, na última quinta-feira. Além de responder ao processo de extradição em liberdade, ele não poderá deixar o país sem comunicar as autoridades locais e terá de comparecer a todas as audiências para as quais for convocado. Além disso, teve de registrar um endereço fixo. O valor da fiança que o libertou não foi divulgado.

Thiago estava foragido desde setembro, quando virou réu por ter agredido a modelo Helena Gomes, em uma academia de ginástica, em São Paulo, depois de supostamente importuná-la. A ação foi filmada pelas câmeras de segurança e mostra um grupo de mulheres tentando contê-lo. O ataque deu início a uma série de denúncias contra ele por cárcere privado e estupro.

O empresário saiu do Brasil em 4 de setembro, rumo a Dubai, mas negou que tivesse fugido — embora tenha se recusado a entregar o passaporte. No mesmo dia, foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) por lesão corporal e corrupção de menores, pois teria estimulado o filho a xingar Helena no dia do ataque na academia. Na época, a defesa de Thiago disse que ele retornaria ao Brasil em 18 de outubro.

A prisão foi decretada pela juíza Érika Soares de Azevedo Mascarenhas, da 6ª Vara Criminal de São Paulo, depois do descumprimento da ordem judicial para entregar o passaporte até 23 de setembro. Ao ser dado como foragido, o empresário teve o nome incluído na lista vermelha da Interpol.

Ele também é suspeito de ter cometido pelo menos 11 crimes sexuais. As vítimas relatam terem sido mantidas em cárcere privado e estupradas. Algumas, inclusive, foram tatuadas com as iniciais TFV, que é o nome dele — Thiago Fernandes Vieira. Os registros dos episódios são de 2021.

O advogado Ricardo Sayeg, de um dos escritórios de advocacia que defendem o empresário, disse que não poderia dar informações sobre o caso. Em publicação em um canal do YouTube, na madrugada da última terça-feira, o próprio Thiago se manifestou em sua defesa. "Quem é hoje Thiago Brennand? Talvez um inimigo público, talvez um sociopata, talvez um estuprador. Será mesmo?", disse.

Na gravação, ele afirma que nunca teve qualquer antecedente criminal e jamais respondeu a processo. Assegurou, ainda, que tem provas para rebater todas as acusações e se diz perseguido. "Vocês vão pagar por tudo o que perdi aí. Estou absolutamente tranquilo. Não estou fugindo. Vocês mexeram com a pessoa errada", ameaçou.

Nas redes sociais, Thiago se apresenta como apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL) — no mesmo vídeo da última terça-feira, diz que "se Deus quiser, vamos vencer no 2º turno". "Sou branco, conservador, armamentista. Pela família, pela propriedade privada, pela disciplina, pelo respeito ao próximo, pela humildade, por colocar o homem no seu lugar e a mulher também", destaca.

Denúncia

Durante as poucas horas que esteve preso em Abu Dhabi, Thiago foi denunciado pelo MP-SP por crimes como estupro (cometido cinco vezes), cárcere privado, tortura e lesão corporal gravíssima contra uma vítima que diz que foi forçada a fazer uma tatuagem com as iniciais do nome dele. Em documento apresentado à Justiça estadual, ontem, a Promotoria de Porto Feliz (SP) ainda o acusa de coação no curso do processo, constrangimento ilegal (três vezes), ameaça (quatro vezes), registro não autorizado da intimidade sexual e divulgação de cena de estupro ou sexo (cometido oito vezes). Os promotores também requereram a decretação de uma nova ordem de prisão contra o empresário.

A denúncia oferecida pelo MP-SP paulista à Justiça também atingiu o tatuador que foi responsável por gravar iniciais do empresários na vítima, à força. Ele é acusado pelos crimes de tortura e lesão corporal gravíssima.

Thiago foi denunciado na esteira de inquérito reaberto em setembro, por ordem do juiz Jorge Panserini, da 1ª Vara de Porto Feliz. O desarquivamento se deu após reportagem do programa Fantástico, da Rede Globo, detalhar as acusações feitas pela vítima, que ainda alegou ter sofrido agressões e ter vídeo íntimo filmado sem consentimento.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.