Um estudo feito por pesquisadores da PUC-Rio, na comunidade quilombola em Cachoeira (BA), identificou, em oito casas analisadas, a presença de partículas tóxicas em decorrência do fogão a lenha utilizado. A toxicidade está acima do limite estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Foi observado que a média de microgramas encontrada nos lares é de 100 a 300 mg/m3 de partículas tóxicas na fumaça, enquanto o considerado aceitável para ser inalado é de 15 mg/m3. O excesso de contato com esse tipo de substância pode causar doenças pulmonares e cardiovasculares.
O retorno do uso da lenha nos lares brasileiros é uma consequência do agravamento da desigualdade no Brasil. No ano passado, o Balanço Energético Anual realizado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) mostrou que 24 milhões de toneladas de lenha foram queimadas para gerar energia — maior número visto desde 2009.
De 2020 para 2019, o EPE mostrou que usou 1,8% a mais de madeiras para fazer fogo em residências. O gás estava sendo mais consumido do que a lenha até 2017, quando o preço do botijão começou a disparar. Naquele ano, a Petrobras alterou sua política de preços e começou a reajustar o GLP toda vez que a cotação do petróleo e o câmbio subiam, assim como já fazia com a gasolina e o óleo diesel.
Pesquisa sobre partículas tóxicas em decorrência do fogão a lenha
A pesquisa faz parte do programa Fogão do Mar, do Instituto Perene, que atende comunidades no Recôncavo Baiano entregando fogões ecoeficientes para as famílias, os quais diminuem a quantidade de lenha utilizada e o tempo para o aquecimento.
O grupo, formado pela coordenadora do Laboratório de Química Atmosférica (LQA) da PUC-Rio, Adriana Gioda, e pelos alunos Luiz Felipe da Silva e Alex de La Cruz, ganhou um prêmio no Congresso da Sociedade Brasileira de Química do Rio. O trabalho foi considerado o melhor trabalho da área ambiental, pelo ineditismo a respeito dos poluentes.
Após a primeira descoberta, a pesquisa seguirá investigando sobre os impactos na saúde pela emissão das partículas tóxicas.
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