A área desmatada na Amazônia em setembro foi a maior desde o início da série histórica em 2016, com o recorde de 1.455km², 48% superior à marca em setembro do ano passado, 985km². Os dados são do sistema Deter, do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados nesta sexta-feira (7/10). O levantamento mostra também que de 1º de janeiro a 30 de setembro foram registrados alertas de desmatamento para 8.590km². Isso representa um desmatamento 23% acima do registrado no mesmo período no passado, 7.006km², e mais que o dobro do valor de 2018, 4.081km².
No mês de setembro, os alertas se concentraram nos estados do Pará (36%), de Mato Grosso (23%), Amazonas (20%) e Rondônia (11%). Já os municípios mais desmatados em setembro foram União do Sul (MT), com 111km², Lábrea (AM), com 83km² e São Félix do Xingu (PA), com 72km².
Para Mariana Napolitano, gerente de Ciências do WWF-Brasil, o desmatamento na Amazônia está crescendo em ritmo exponencial, com “graves consequências” para o país, pois a destruição ambiental impacta em aspectos como o regime de chuvas e a produção de alimentos. "A taxa de desmatamento nos primeiros nove meses de 2022 dobrou entre 2018 e 2020, passando de 4 mil km² para mais de 8 mil km² - é um crescimento sem precedentes”, afirmou.
Já Cristiane Mazzetti, porta-voz de Amazônia do Greenpeace Brasil, defende melhores propostas para a pauta ambiental, já que, segundo ela, o governo tem atuado de forma indevida na proteção da Amazônia. “Isso resultou num aumento das emissões de CO2 e muitas perdas para o nosso país: em três anos, uma área equivalente a uma vez e meia o estado de Sergipe, foi desmatada na Amazônia. Além disso, muitas vidas de indígenas foram perdidas em decorrência do aumento de invasões em suas terras. Esse projeto de destruição não pode continuar”, destacou Mazzetti.
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“Se a política governamental seguir permitindo e incentivando a rápida derrubada da floresta, comprometeremos seriamente o nosso futuro. Por isso, brasileiras e brasileiros devem refletir profundamente sobre a sua escolha no 2º turno e votar pelo clima, pelas florestas e pelo futuro do Brasil. Seguir com a política atual é acelerar o colapso da Amazônia ao invés de usar o pouco tempo que temos para evitá-lo. Se continuar assim, a Amazônia não tem chances”, emendou.
Cerrado
No mês de setembro, foram devastados 262km². É o valor mais baixo desde 2020, mas ainda assim o desmatamento acumulado no ano já chega a 4.837km², um valor 24% superior ao registrado em 2021, de acordo com o Sistema Deter.
Sob a ótica regional, o desmatamento no Cerrado mais uma vez se concentrou nos estados do MATOPIBA, em 2021: Bahia, com 1.228km², Maranhão com 1.166km², e Tocantins, 752km².
*Estagiário sob a supervisão de Vinicius Nader
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