INVESTIGAÇÃO

Polícia apreende ouro e artigos de luxo em esquema de criptomoedas

Investigação da Polícia Federal revelou nesta quinta-feira (6/10) um esquema de crimes de estelionato e lavagem transnacional de dinheiro, além de organização criminosa

João Gabriel Freitas*
postado em 06/10/2022 16:17
Cerca de 100 policiais federais, bem como servidores da Receita Federal, cumprem 20 mandados de busca e apreensão, todos expedidos pela 23ª Vara Federal de Curitiba/PR -  (crédito: Reprodução/Polícia Federal)
Cerca de 100 policiais federais, bem como servidores da Receita Federal, cumprem 20 mandados de busca e apreensão, todos expedidos pela 23ª Vara Federal de Curitiba/PR - (crédito: Reprodução/Polícia Federal)

A Polícia Federal apreendeu barras de ouro, dinheiro em espécie e artigos de luxo em operação contra fraudes bilionárias nesta quinta-feira (6/10). A investigação revelou um esquema de crimes de estelionato e lavagem transnacional de dinheiro, além de organização criminosa.

As autoridades estimam que o grupo atuava em mais de 10 países e movimentou, no Brasil, algo em torno de R$ 4 bilhões em ações fraudulentas. Uma das suspeitas era de que o esquema internacional desviava dinheiro em transações de criptomoedas, tanto que parte das apreensões de hoje ocorreram em domicílios de pessoas atreladas à Francisley Valdevino da Silva, empresário chamado de “Sheik dos bitcoins”.

Segundo a polícia, a operação intitulada de Poyais — referência a uma série de fraudes na Inglaterra no século 19 — começou em março de 2022, após denúncias da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol).

A organização criminosa é suspeita da prática no Brasil e no exterior, desde 2016, dos crimes de estelionato e contra o sistema financeiro. Ao todo, cerca de 100 policiais federais e servidores da Receita Federal cumprem 20 mandados de busca e apreensão expedidos pela 23ª Vara Federal de Curitiba.

Criptomoedas próprias

Uma das estratégias usadas pela organização criminosa com parceiros no exterior era a de criação de criptomoedas próprias, que eram comercializadas por meio das empresas e garantiam pagamento de retornos mensais superfaturados, ou seja, muito acima dos preços de mercado. Assim, os criptoativos não possuíam registros nas bolsas internacionais e não possibilitavam a retirada dos lucros, portanto não retornavam ao bolso dos investidores.

Seguindo o modus operandi da quadrilha, parte do dinheiro era alocado para remunerar os membros do grupo e outra parcela era destinada à lavagem financeira, que acontecia por meio de remuneração mensal da aquisição de imóveis de alto valor, carros de luxo, embarcações, reformas, roupas de grife, jóias, viagens e diversos outros gastos.

*Estagiário sob supervisão de Andreia Castro

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