ELEIÇÕES 2022

Votação do 1º turno ocorre em relativa normalidade pelo Brasil

Votação de primeiro turno ocorre em relativa normalidade, apesar da tensão eleitoral que tomou conta do país nos últimos meses. Caso mais grave de violência aconteceu em São Paulo, onde policiais foram baleados

Tainá Andrade
postado em 03/10/2022 03:55
 (crédito: Carlos Moura/CB/D.A Press)
(crédito: Carlos Moura/CB/D.A Press)

Apesar da tensão pré-eleitoral que tomou conta do país nas últimas semanas, as eleições gerais ocorreram em clima de relativa normalidade, apesar de alguns episódios mais preocupantes de violência política. O Ministério da Justiça, por meio do boletim Operação de Segurança das Eleições, atualizado de duas em duas horas, durante todo o domingo, apontou 1.421 crimes eleitorais e 408 prisões pelo país. O presidente do Supremo Tribunal Eitoral (TSE), Alexandre de Moraes, destacou que incidentes de violência e crimes foram isolados e que, no geral, a população demonstrou "maturidade democrática", principalmente em relação à adesão a novas regras, como a da entrega de celulares aos mesários nas seções eleitorais, antes do voto na urna.

O caso mais grave ocorreu em uma escola da Zona Sul de São Paulo e deixou dois policiais gravemente feridos. Dois homens abriram fogo contra os agentes, um homem e uma mulher, que faziam a segurança na Escola Estadual Deputado Aurélio Campos. O homem foi atingido na cabeça e no ombro e a mulher foi baleada no abdômen e na mão. Ambos foram socorridos por um helicóptero da polícia militar e levados ao Hospital das Clínicas, na zona central da capital paulista.

Ainda não se sabe a motivação do crime, que surpreendeu tanto a equipe eleitoral, quanto os eleitores que esperavam em longas filas, mas a polícia não descartou que a ação possa ter relação com as eleições. Os atiradores fugiram e não foram identificados, mas uma perícia foi feita no local e o caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicícios e Proteção à Pessoa (DHPP). Os dois policiais feridos estão internados em estado grave. Outros 10 tiros foram ouvidos nas proximidades da escola. Os policiais das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota) e do Comando e Operações Especiais (COE) buscaram durante o dia os criminosos e uma pistola calibre 9mm utilizada no ataque. A outra arma foi localizada.

A Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e Ministério Público da União (Fenajufe) afirmou que a votação ocorreu sem grandes intercorrências quanto à segurança dos trabalhadores.

Armas

No fim de setembro, representantes da Fenajufe chegaram a cobrar urgência do TSE na elaboração de ações para garantir a segurança dos servidores da Justiça Eleitoral no dia das eleições. O pedido foi feito após vários episódios de violência política. Ao menos três apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e um do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) foram mortos nos últimos meses possivelmente por motivos políticos, entre outros episódios de agressões e intimidações.

Na semana passada, resolução do Supremo Tribunal Eleitoral (TSE) determinou a proibição da circulação de armas e munições, em todo o país, por parte de colecionadores, atiradores e caçadores (CACs) no período de 24 horas antes e depois da votação. Em entrevista à imprensa durante à tarde, quando a votação ainda estava em andamento, o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, ressaltou que não houve reclamação das pessoas que possuem os registros. E, de acordo com informações do Ministério da Justiça, o número de armas apreendidas foi relativamente baixo — apenas 17 em todas as unidades da Federação.

"Intercorrências ocorrem em todas as eleições. Tivemos casos pontuais que foram resolvidos, como o eleitor que votou duas vezes em Lisboa. Mas, no geral, a população está demonstrando maturidade democrática e as eleições estão correndo tranquilamente bem, dentro da normalidade", declarou o ministro.

As ocorrências de cada estado foram encaminhadas pelas secretarias estaduais de segurança pública ao ministério da Justiça, que coordenou o monitoramento por meio do Centro Integrado de Comando e Controle Nacional (CICCN), composto por uma rede de órgãos, como o TSE, polícias civis e militares, a Polícia Rodoviária Federal (PRF), corpos de Bombeiro Militares, o Ministério da Defesa, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e a Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil. Segundo os dados, houve 408 prisões em todo o país e 89 crimes comuns cometidos em áreas de votação — 66 deles contra candidatos. Em Cerro Grande (RS) um eleitor tentou entrar com uma faca no local de votação e, após resistir à abordagem da segurança, feriu um policial no braço, sem gravidade.

Pauladas na urna

Em um colégio no Setor Vila Boa, em Goiânia, um eleitor foi gravado dando pauladas na urna eletrônica da seção 165. Os mesários presentes no local contaram que, ao terminar de votar, o eleitor tirou um pau escondido no guarda-chuva e partiu para o ataque. Ele quebrou a tela e os botões, mas não chegou a danificar a mídia do aparelho, onde ficam gravados os votos. O incidente não prejudicou a votação, a equipe substituiu o equipamento, e tudo o que tinha sido registrado foi lido na nova urna. A Polícia Militar deteve o agressor e o levou para a Polícia Federal. O homem aparentava ter problemas psicológicos.

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