As atividades do Museu da Diversidade Sexual, na Estação República do Metrô de São Paulo, foram retomadas neste mês, após quatro meses fechado, por causa de uma decisão judicial considerada LGBTfóbica revertida por unanimidade.
O fechamento do museu em abril desde ano se deu devido a uma decisão judicial embasada em uma ação movida pelo deputado estadual Gil Diniz (PL), também conhecido como “Carteiro Reaça”.
Na época, Carlos Gradim, diretor-presidente do Instituto Odeon, ressaltou como foi simbólico que a suspensão das atividades tenha ocorrido no dia do início da exposição “Duo Drag” dedicada a fotografias de drag queens.
Além do adiamento da inauguração da exposição, o museu sofreu prejuízos em diversas outras áreas, com paralisação de atividades educativas, produção de conteúdo, pesquisas e das obras de ampliação. “Tudo isso que a gente viveu foi bastante duro, óbvio, mas ao mesmo tempo nos deu uma visão bastante ampliada do que é a função desse equipamento”, declarou Carlos Gradim sobre o período de fechamento do MDS.
Importância para a sociedade
Gradim lembra que, após o anúncio da suspensão das atividades, houve uma mobilização por parte da população a favor do museu e contrário à liminar. O diretor acredita que, apesar do recuo, "o equipamento tem uma força imensa na sociedade e que não há mais espaço para esse tipo de atitudes LGBTfóbicas".
“A gente tem um longo caminho para percorrer”, afirma Gradim. “Eu acho que isso inclusive é um papel dos museus, refletir, trazer uma dimensão crítica e, de alguma forma, fazer com que a sociedade olhe com outros lados, conhecendo de fato o tema, porque o preconceito se dá por achismo e um desconhecimento profundo da realidade”, completa.
Marisa Bueno, diretora do Museu da Diversidade, afirma que o espaço é para todos os públicos e todas as idades. Ela conta que já presenciou pessoas e até mesmo famílias sendo transformadas pela visita ao espaço, e que isso dá força para continuar a luta e combater qualquer violência contra a existência do MDS.
“Se você fica no museu um pouco, observa que é um lugar de família. Um adolescente que está descobrindo sua sexualidade e leva seus pais até o museu vê um universo novo se abrindo para os pais. É importante ter uma instituição que apoia esse momento, e a gente se vê nesse lugar”, afirma Marisa.
Projetos serão retomados
O museu reabriu este mês com a inauguração da exposição “Duo Drag”, com fotografias de 50 drag queens que movimentam a cena paulistana do fim da década de 80 até artistas iniciantes em suas carreiras sob o olhar do fotógrafo Paulo Vitale.
Além disso, serão retomados os planos de expansão do espaço na própria estação para todo o pavimento, totalizando uma área cinco vezes maior que a original, e a abertura de um espaço na Alameda Santos, próximo à Avenida Paulista para complementar o museu com um viés técnico-informativo, com centro de referência e realização de ações de formação e de empreendedorismo.
Durante as obras de ampliação, o Museu da Diversidade Sexual realizará exposições virtuais, divididas em três módulos, sobre o bicentenário da Independência, em um movimento de revisitar a própria história e as relações entre os colonizadores e povos originários. “A pandemia nos clareou isso, que hoje a gente tem que ter um museu hibrido, com inúmeras ações presenciais, mas também virtuais”, afirma Gradim.