A prática do garimpo no Brasil praticamente dobrou na última década, atingindo principalmente o bioma Amazônico, e supera a área de mineração industrial. É o que informa o monitoramento do MapBiomas, divulgado nesta terça-feira (27/9). Enquanto a extração legal demorou duas décadas para sair de 86 mil hectares e chegar a 170 mil, entre 2001 e 2021, o garimpo passou de 99 mil para 196 mil hectares de terras ocupadas em 10 anos.
O foco do garimpo tem sido áreas protegidas, como territórios indígenas e Unidades de Conservação (UC), o que deveria configurar crime ambiental. Em 10 anos, houve um crescimento de 632% de ocupação para esse fim em aldeias e de 352% para UCs. Somente no ano passado, foram aproximadamente 20 mil hectares ocupados.
Os mais afetados foram os povos indígenas Kayapó, que vivem no Pará. Foram 11.542 hectares tomados pelo garimpo até 2021. Na sequência, estão os Mundurukus, a terra Yanomami, a Tenharim do Igarapé Preto (AM) e o território Apyterewa (PA).
A região Amazônica é a mais explorada. Ao todo há a concentração de 242.564 hectares de área minerada, seja de garimpo ou de mineração industrial, com maior concentração no Pará e no Mato Grosso. Os dois estados juntos somam 71,6% das áreas mineradas do país — tanto de forma legal, quanto ilegal. Quando verificado somente o percentual do garimpo, os dois locais crescem para 91,9%.
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“A série histórica mostra um crescimento ininterrupto do garimpo e um ritmo mais acentuado que a mineração industrial na última década, além de uma inequívoca tendência de concentração na Amazônia, onde se localizam 91,6% da área garimpada no Brasil em 2021”, reforça Cesar Diniz, coordenador técnico do mapeamento.
Quatro dos cinco municípios brasileiros com maior área de garimpo ficam no Pará: Itaituba (57.215 hectares), Jacareacanga (15.265 hectares), São Félix do Xingu (8.126 hectares) e Ourilândia do Norte (7.642 hectares).
Diferenças das atividades
A mineração entre a forma legal e ilegal trazem diferenças quanto ao equilíbrio de exploração nos biomas. Para a mineração industrial, existe um equilíbrio entre a área ocupada na Amazônia e na Mata Atlântica. Já o Cerrado tem o menor número de hectares usados para a atividade.
Em relação ao garimpo, a Amazônia tem disparado a área mais impactada, com 179.913 hectares. O segundo lugar fica com o Cerrado e, em seguida, a Mata Atlântica.
Quanto às substâncias minerais, a extração industrial é diversificada — retira do solo ferro, alumínio, cobre, níquel, entre outros —, sendo a divisão normalmente de 22% para mineração de ferro, 20% de alumínio e 12%, calcário. Já o garimpo se concentra, principalmente, em 83% para extração de ouro e 7%, de estanho.