Lideranças indígenas denunciam um ataque de pistoleiros a indígenas da etnia Turiwara, da comunidade Braço Grande, próximo à Vila Socorro, em Tomé-Açú, no nordeste do Pará, no último sábado (24/9). Os moradores têm atribuído o crime a seguranças de uma empresa exploradora de dendê na região, que também está envolvida na disputa de terras.
O conflito passou a ser chamado de "guerra do dendê". O estado do Pará é responsável por 88% da produção de óleo de palma do Brasil, de acordo com a Associação Brasileira de Produtos de Óleos de Palma (Abrapalma). A produção de palma está presente em 29 dos 144 municípios paraenses, que é líder em conflitos no campo.
As plantações de palma têm sido alvo de embates entre empresas produtoras, comunidades indígenas e quilombolas que envolvem acusações de grilagem, ameaças a lideranças locais e até cartório-fantasma.
De acordo com a secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup), equipes das polícias militar e civil foram informadas de que um veículo, onde estavam quatro pessoas, havia sido atingido. Três pessoas ficaram feridas e levadas ao hospital de Acará, e uma morreu.
O Brasil tem vivido uma escalada de violência e aumento de assassinatos de povos originários e quilombolas. Os povos da etnia guajajara, guarani-kaiowá e pataxó vivem dias de luto devido às mortes de indígenas. O Relatório Violência contra os povos indígenas do Brasil mostra que o ano de 2021 foi marcado pelo aprofundamento e pela dramática intensificação da violência contra os povos indígenas.
Em 2021, o Cimi registrou a ocorrência de 305 casos do tipo, que atingiram pelo menos 226 Terras Indígenas (TIs) em 22 estados do país. No ano anterior, 263 casos de invasão haviam afetado 201 terras em 19 estados. A quantidade de casos em 2021 é quase três vezes maior do que a registrada em 2018, quando foram contabilizados 109 casos do tipo.
O relatório registrou aumento em 15 das 19 categorias de violência sistematizadas pela publicação em relação ao ano anterior, e uma quantidade enorme de vidas indígenas interrompidas. Foram registrados 176 assassinatos de indígenas – apenas seis a menos do que em 2020.
*Estagiária sob supervisão de Pedro Grigori