Um tiro disparado por um sniper, atirador de elite da Polícia Militar de Minas Gerais, colocou fim a 17 horas de tensão e negociações que cercaram o sequestro e cárcere privado de uma criança de 7 anos e de um jovem de 23, ontem, no bairro Venda Nova, em Belo Horizonte. A operação, que começou no fim da tarde de terça-feira, teve fim com o sequestrador baleado e as vítimas liberadas.
Armado, Leandro Pereira, de 39 anos, abordou a ex-companheira Andresa Wenia Pereira Mendes, 25 anos, com quem teve um relacionamento por seis anos, o irmão de criação dela, Giovani Júnior, de 23, e o enteado, de 7, quando os três chegavam em casa. De acordo com a PM, no local, Leandro discutiu e agrediu a mulher, que acabou conseguindo fugir com a ajuda de um vizinho. Em seguida, o agressor tomou o menino e o rapaz como reféns, e passou a ameaçá-los.
O chefe do Estado-maior da PM mineira, coronel Eduardo Felisberto Alves, detalhou as opções da polícia: "Tínhamos três alternativas táticas quando chegamos. A primeira, a utilização da equipe de negociação. Em um segundo momento, se fosse necessário, a incursão no local pela equipe tática, e o tiro de comprometimento como última alternativa. A incursão com equipe tática se mostrou infrutífera para o local, então, nós passamos a trabalhar com a negociação até que ela pudesse surtir efeito", explicou.
Os reféns só foram liberados após horas de negociação infrutífera, quando o homem foi atingido pelo disparo da polícia, em momento em que oferecia mais ameaça à vida das vítimas. A criança e o jovem saíram ilesos.
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Senha do celular
Desde o início das negociações, Leandro dizia que mantinha o filho e o irmão da ex-namorada para que ela recebesse "uma lição" pelo fim do relacionamento. Muito nervoso, mantinha contato com o negociador sem fazer ameaças. No entanto, ao ter os pedidos da presença de Andresa e da senha do celular dela negados, o comportamento do agressor mudou. No início da manhã, Leandro se mostrou mais acuado, de acordo com os militares. Ele chegou a sair da casa com a criança no colo e a arma apontada para a cabeça dela. Para o comandante da operação, isso aconteceu depois que, com diversas tentativas e erros, o agressor conseguiu acessar o celular da ex-companheira.
"Quando ela conseguiu fugir, acabou deixando para trás o filho, o irmão de criação e o celular. Então, ele passou toda a noite pedindo a senha do celular, porque desconfiava que ela o estava traindo e que as informações estariam no aparelho. E nós passamos toda a noite tentando persuadi-lo, porque, se nós entregássemos a senha, o desfecho poderia ser muito mais grave. Ele se exaltou no início da manhã porque ele foi na tentativa e erro até conseguir acessar (o aparelho) por conta própria", explicou o comandante de Policiamento Especializado, coronel Ricardo Geraldo Viana.
Mesmo com a atuação do Bope, o suspeito manteve contato com familiares. Nas mensagens de texto, segundo a Polícia Militar, ele afirmava que iria matar a criança e o jovem que mantinha sob ameaça e que "teriam que buscar o corpo dele em cima dos corpos das vítimas", segundo os militares.
Leandro foi baleado por um atirador de elite por volta das 10h de ontem. O "tiro de comprometimento", que o neutralizou, ferindo-o com gravidade, foi disparado no momento em que a equipe tática não conseguia mais avançar nas negociações e os reféns começarem a ser ameaçados. O tiro de fuzil de alta precisão acertou o rosto do homem, que foi encaminhado ao hospital em estado grave, mas estável.