Pistoleiros avançaram sobre a Aldeia Nova, no Território Indígena Barra Velha, no início da noite desta terça-feira (6/9). Após noite tensa, indígenas retornam às casas.
Por volta das 19h35 da véspera da celebração do bicentenário da Independência do Brasil, pistoleiros cercaram a Aldeia Nova. Homens chegaram atirando contra os indígenas, que precisaram fugir do local.
Eles chegaram a invadir a casa do cacique Jovino, mas como não o encontraram tentaram colocar fogo no local. Famílias precisaram se refugiar no colégio da aldeia, onde passaram a noite.
No último domingo (4/9), um jovem de 14 anos foi morto em um ataque na terra indígena Comexatibá Cahy Pequi, que embora também seja no Território Indígena Barra Velha, fica a cerca de 15km da Aldeia Nova.
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Ao Correio, cacique Jovino falou sobre os momentos de tensão pelos quais a comunidade passou nesta última noite.
Segundo ele, essa foi uma das noites mais truculentas que a Aldeia Nova enfrentou neste período em que o território está cercado por fazendeiros da região armados.
"Não só aqui, mas em todo o Território Barra Velha. São 21 comunidades. No domingo, teve um jovem assassinado e outro baleado. Outras aldeias estão em situação crítica, com pistoleiros. Então, a situação é essa que nós estamos passando com as nossas famílias, dentro do nosso território", disse o líder.
Jovino ressaltou o dia de hoje, em que se celebra os 200 anos da Independência do Brasil. "Hoje é um dia muito importante, porque é o dia da Independência. E já há mais de 500 anos que vemos derramamento de sangue, nossas filhas sendo estupradas. Esses 500 anos de sofrimento está se repetindo. Então a gente apela pelas autoridades, que olhem para nossa causa, pelos nossos filhos, nossos netos. Eles que estão no poder e a sociedade também, que se sensibilizem com a nossa causa. Estão querendo jogar a sociedade contra a gente, dizendo que nós somos bandidos, marginais, que não somos índios", pediu o cacique.