violência

Homem que sequestrou criança em BH não aceitava término com mãe da vítima

Menino de 7 anos é mantido preso por 17 horas pelo ex-padrasto, que não aceitava o fim do relacionamento com a mãe da criança. Atingido por um disparo de alta precisão, Leandro Pereira foi internado em estado grave. Rapaz de 23 anos também foi resgatado

Clara Mariz
Renata Galdino
Sílvia Pires
Bel Ferraz
postado em 23/09/2022 03:55
 (crédito:  Edesio Ferreira/Estado de Minas)
(crédito: Edesio Ferreira/Estado de Minas)

Um tiro disparado por um sniper, atirador de elite da Polícia Militar de Minas Gerais, colocou fim a 17 horas de tensão e negociações que cercaram o sequestro e cárcere privado de uma criança de 7 anos e de um jovem de 23, ontem, no bairro Venda Nova, em Belo Horizonte. A operação, que começou no fim da tarde de terça-feira, teve fim com o sequestrador baleado e as vítimas liberadas.

Armado, Leandro Pereira, de 39 anos, abordou a ex-companheira Andresa Wenia Pereira Mendes, 25 anos, com quem teve um relacionamento por seis anos, o irmão de criação dela, Giovani Júnior, de 23, e o enteado, de 7, quando os três chegavam em casa. De acordo com a PM, no local, Leandro discutiu e agrediu a mulher, que acabou conseguindo fugir com a ajuda de um vizinho. Em seguida, o agressor tomou o menino e o rapaz como reféns, e passou a ameaçá-los.

O chefe do Estado-maior da PM mineira, coronel Eduardo Felisberto Alves, detalhou as opções da polícia: "Tínhamos três alternativas táticas quando chegamos. A primeira, a utilização da equipe de negociação. Em um segundo momento, se fosse necessário, a incursão no local pela equipe tática, e o tiro de comprometimento como última alternativa. A incursão com equipe tática se mostrou infrutífera para o local, então, nós passamos a trabalhar com a negociação até que ela pudesse surtir efeito", explicou.

Os reféns só foram liberados após horas de negociação infrutífera, quando o homem foi atingido pelo disparo da polícia, em momento em que oferecia mais ameaça à vida das vítimas. A criança e o jovem saíram ilesos.

Senha do celular

Desde o início das negociações, Leandro dizia que mantinha o filho e o irmão da ex-namorada para que ela recebesse "uma lição" pelo fim do relacionamento. Muito nervoso, mantinha contato com o negociador sem fazer ameaças. No entanto, ao ter os pedidos da presença de Andresa e da senha do celular dela negados, o comportamento do agressor mudou. No início da manhã, Leandro se mostrou mais acuado, de acordo com os militares. Ele chegou a sair da casa com a criança no colo e a arma apontada para a cabeça dela. Para o comandante da operação, isso aconteceu depois que, com diversas tentativas e erros, o agressor conseguiu acessar o celular da ex-companheira.

"Quando ela conseguiu fugir, acabou deixando para trás o filho, o irmão de criação e o celular. Então, ele passou toda a noite pedindo a senha do celular, porque desconfiava que ela o estava traindo e que as informações estariam no aparelho. E nós passamos toda a noite tentando persuadi-lo, porque, se nós entregássemos a senha, o desfecho poderia ser muito mais grave. Ele se exaltou no início da manhã porque ele foi na tentativa e erro até conseguir acessar (o aparelho) por conta própria", explicou o comandante de Policiamento Especializado, coronel Ricardo Geraldo Viana.

Mesmo com a atuação do Bope, o suspeito manteve contato com familiares. Nas mensagens de texto, segundo a Polícia Militar, ele afirmava que iria matar a criança e o jovem que mantinha sob ameaça e que "teriam que buscar o corpo dele em cima dos corpos das vítimas", segundo os militares.

Leandro foi baleado por um atirador de elite por volta das 10h de ontem. O "tiro de comprometimento", que o neutralizou, ferindo-o com gravidade, foi disparado no momento em que a equipe tática não conseguia mais avançar nas negociações e os reféns começarem a ser ameaçados. O tiro de fuzil de alta precisão acertou o rosto do homem, que foi encaminhado ao hospital em estado grave, mas estável.

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