A área de extração ilegal de madeira em territórios indígenas no Pará aumentou 11 vezes em um período de 12 meses. A extração de madeira aumentou de 158 hectares no período de agosto de 2019 a julho de 2020 para 1.700 hectares entre agosto de 2020 e julho de 2021. Ou seja, um aumento de quase 1.000%.
Os números foram divulgados em levantamento da rede Simex, formado por quatro instituições ambientais brasileiras: o instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), o Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e agrícola (ImaFlora) e o Instituto Centro de Vida (ICV).
Ao mesmo tempo em que o relatório apontou os números alarmantes de extração ilegal de madeira, nesta quarta-feira (21/9), o Brasil comemora o dia da árvore.
“Essas datas comemorativas são importantes porque fazem as pessoas pararem para refletir, mas muitas vezes a própria educação ambiental fica presa a essas datas. Mesmo que seja necessário fazer essas atuações, nós somos uma sociedade que desvaloriza as árvores. A gente tira as árvores, acha que elas sujam e acabam com o asfalto. Os povos indígenas identificam as árvores como seres vivos. A gente é uma sociedade que vira as costas e ter esse dia não é tão óbvia assim”, pontua Isabela Kojin, educadora ambiental e pesquisadora na área de reflorestamento ambiental.
Extração de madeira em TI’s
O estudo da rede Simex também revelou que um aumento no número de terras indígenas invadidas pela atividade ilegal. De acordo com a publicação, cinco territórios tiveram extração de madeira de agosto de 2020 a agosto de 2021. Na análise de 2019 e 2020, apenas a Terra Indígena Baú.
Amanayé, localizada no município de Goianésia do Pará, foi o território mais impactado. Entre agosto de 2020 e julho de 2021, 1.255 hectares foram explorados no local, o que corresponde a 73% das terras indígenas do Pará afetadas pela extração ilegal de madeira.
“O aumento da exploração de madeira dentro das terras indígenas e o registro nas unidades de conservação é extremamente preocupante, pois indica que esses territórios que por lei devem ser protegidos com prioridade não estão recebendo a atenção necessária para barrar novas invasões”, afirma o pesquisador do Imazon Dalton Cardoso.
Amanayé, localizada no município de Goianésia do Pará, foi o território mais impactado. Entre agosto de 2020 e julho de 2021, 1.255 hectares foram explorados no local, o que corresponde a 73% das terras indígenas do Pará afetadas pela extração ilegal de madeira.
Exploração não autorizada
O estudo também identificou que houve exploração ilegal de madeira nas unidades de conservação, territórios onde a publicação anterior não havia encontrado registros da atividade irregular em áreas acima de 1 hectare — tamanho a partir do qual a Rede Simex mapeia a extração de madeira. Entre agosto de 2020 e julho de 2021, no entanto, foram encontrados 126 hectares com exploração madeireira não autorizada em unidades de conservação do Pará.
Segundo o especialista em meio ambiente Charles Dayler, o Brasil tem um grande potencial de madeira. Ele explica no entanto que, a exploração ilegal de madeira gera consequências irreversíveis ao meio ambiente.
"Agora a gente não consegue fiscalizar as áreas e está impossível frear essa exploração ilegal. A gente tem que conter essa exploração ilegal. Porque quando a extração é feita de forma regular ela é bem conduzida.”
De acordo com Dayler, na exploração legal as áreas indígenas e as unidades de conservação são excluídas, um plano de manejo é apresentado e dados são levantados para avaliar se existe capacidade de recuperação da área. Ainda de acordo com levantamento da rede Simex, a maior parte da exploração ocorreu na Floresta Nacional do Jamanxim, próximo dos municípios de Itaituba e Novo Progresso.
*Estagiária sob supervisão de Ronayre Nunes
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