POR JUSTIÇA E PELA LEI

Após cão perder olho, abaixo-assinado pede legislação para pet shops

Em maio, um cão da raça shih tzu foi deixado em um pet shop de Ipatinga e voltou para a dona sem o olho direito

Bruno Luis Barros - Estado de Minas
postado em 19/09/2022 23:47 / atualizado em 20/09/2022 00:15
 (crédito: Arquivo pessoal)
(crédito: Arquivo pessoal)

Diante da necessidade de uma legislação para que ocorra a fiscalização dos estabelecimentos intitulados como pet shops, a advogada Idamara Fernandes criou um abaixo-assinado para pressionar a tramitação do Projeto de Lei (PL) 1647/2020, de autoria do deputado estadual Oswaldo Lopes (PSD), que regulamenta o funcionamento dos variados tipos de lares temporários domésticos para animais.

A coleta de assinaturas, que começou no mês passado, acontece após um drama pessoal de Idamara. O cão dela, da raça shih tzu, perdeu o olho direito após ser deixado em um pet shop, em Ipatinga, no Vale do Aço, para tomar banho e ser tosado. Clique aqui para ter acesso ao abaixo-assinado.

A necessidade de uma legislação, conforme a advogada, acontece diante de “várias denúncias de casos de tratamento inadequado e maus-tratos que os animais, principalmente cães e gatos, sofrem quando são deixados nesse tipo de prestação de serviço, seja na modalidade de banho e tosa e/ou hotelzinho”.

“A inexistência de lei federal, estadual e municipal sobre protocolos de segurança e manejo dos animais nessa prestação de serviço fomenta ainda mais a insegurança e casos de maus-tratos com os animais”, avalia Idamara.

Logo, ao reunir ao menos cinco mil assinaturas, o objetivo é entregar o documento à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) requerendo prioridade na tramitação do PL proposto pelo deputado Oswaldo Lopes.

Entenda o caso

Em 20 de maio, uma sexta-feira, o cão da raça shih tzu foi deixado no “Pet Ateliê Ipatinga” para tomar banho e ser tosado. O animal também ficaria no local por uns dias, pois Idamara iria viajar e só retornaria no dia 23 daquele mês.

No entanto, no dia seguinte, segundo a advogada, a clínica entrou em contato informando que Beethoven apresentou um quadro de hemorragia e, por isso, perdeu um olho. Ainda conforme a tutora do animal, o médico veterinário que atendeu a urgência disse que o cachorro já chegou ensanguentado ao estabelecimento, sendo necessário retirar todo o seu globo ocular.

“Em nenhum momento me pediram autorização para realizar a sedação e cirurgia. Muito menos me informaram o real estado do Beethoven quando chegou à clínica”, disse, à época, em entrevista ao Estado de Minas.

Por conta da grande repercussão do caso, a Ordem de Advogados do Brasil em Minas Gerais (OAB-MG) nomeou Idamara como diretora da coordenadoria fiscal de combate aos maus-tratos.

Desde então, para tentar mobilizar pessoas na luta pela fiscalização nesses estabelecimentos, Idamara criou o Instagram “Beethoven Monocular”, onde registra relatos das sequelas deixadas pelo acidente e pela cirurgia. Na mesma página, ela também dá voz a outros tutores de pets que foram vítimas de mau atendimento em pet shops.

Diante da denúncia que ganhou repercussão nacional, o “Pet Ateliê Ipatinga” mudou de endereço em junho e seguiu com os atendimentos. Na oportunidade, de acordo com uma responsável pelo pet shop, o estabelecimento disse que a empresa prestaria todos os esclarecimentos judicialmente.

À época, o Estado de Minas procurou um posicionamento da Prefeitura de Ipatinga sobre a situação de Beethoven. Porém, nenhum retorno foi dado.

Também na ocasião, uma apuração foi iniciada pela Polícia Civil. A reportagem procurou a instituição policial nesta segunda-feira (19/9) para saber sobre o andamento das investigações e aguarda retorno.


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