Censo 2022

Quilombolas serão recenseados pela primeira vez na história

A partir desta quarta-feira (17/8), IBGE passa a recensear população quilombola no Censo pela primeira vez na história da pesquisa

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) promoveu, nessa quarta-feira (17/8), o Dia de Mobilização do Censo Quilombola. A ocasião marcou o início do recenseamento da população tradicional que, pela primeira vez em 150 anos de pesquisa, foi incluída no Censo Demográfico brasileiro.

Além de identificar e quantificar aqueles que se autodeclaram como quilombolas, o questionário também irá avaliar as condições de vida do grupo, reunindo dados a respeito da educação, saúde, saneamento básico, entre outras informações.

A partir de agora, a pergunta inédita “Você se considera quilombola?” será feita como parte do questionário em áreas pré-mapeadas pelo IBGE. Caso o indivíduo afirme que sim, ele ainda será questionado a respeito do nome da comunidade da qual faz parte.

Segundo a coordenadora do Censo de Povos e Comunidades Tradicionais do IBGE, Marta Antunes, o censo de 2022 terá o papel de educar a população do Brasil sobre as comunidades quilombolas existentes. Para ela, existem três questões-chaves que revelam a importância do censo quilombola. "A primeira é que não existe um número de quantos quilombolas residem no Brasil. Não sabemos quantos eles são, qual é a faixa etária, a razão de sexo, etc. Não temos esse retrato, essa população enfrenta uma invisibilidade estatística. Com isso, as politicas públicas não sabem se estão chegando até essa população", argumentou.

"O segundo ponto é que, quando o IBGE faz essa pegunta, ela pode ser adaptada para todos os outros cadastros de políticas públicas do governo. Um terceiro é dar a conhecer à população brasileira que existem quilombolas no Brasil. As populações quilombolas possuem uma importância na construção social- histórica do país", complementou Antunes.

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Mapeamento

O questionamento, entretanto, será feito apenas aos indivíduos que vivem nos territórios quilombolas já identificados, uma vez que essa é a primeira experiência de mapeamento dessa população no país. Até o momento, foram mapeadas 5.972 localidades quilombolas e 2.308 agrupamentos de quilombolas. O IBGE afirmou que visitará todas as comunidades quilombolas identificadas no Brasil, além de outras regiões que podem ser identificadas posteriormente.

Os quilombolas que não residem mais em seu território originário também poderão ser identificados como pertencentes a uma comunidade quilombola, sendo necessário solicitar ao recenseador o registro de seu endereço como “domicílio quilombola”.

Além do treinamento nacional de cinco dias, obrigatório para todos os recenseadores, aqueles que atuarão nos territórios tradicionais quilombolas receberam um dia adicional de orientações. Segundo o IBGE, a forma de atuação é importante para que a população se sinta confortável para contribuir com informações pessoais e de suas comunidades. Os protocolos de saúde, como uso de máscaras e álcool em gel, também serão adotados.

Visibilidade

Para executar a mobilização, o IBGE firmou acordo com a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), que auxiliou na divulgação. Segundo o órgão, a data teve como objetivo sensibilizar as lideranças a abrirem suas comunidades para os agentes recenseadores e guias comunitários, além de incentivar que a população quilombola responda à pesquisa.

"O dia de mobilização nacional está acontecendo em vários lugares do Brasil justamente para trazer essa visibilidade para as lideranças e comunidades quilombolas, para que elas saibam que o IBGE está chegando até elas", disse Marta Antunes.

O censo demográfico, que teve seu início adiado em decorrência da pandemia da covid-19 e da falta de recursos governamentais, começou no dia primeiro de agosto e será executado até 31 de outubro deste ano. Os primeiros resultados da pesquisa nacional devem ser divulgados ainda no fim de 2022.

*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro

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