Em decisão contrária à Organização Mundial da Saúde (OMS), o ministro da saúde, Marcelo Queiroga, descartou, nesta segunda-feira (15/8), a possibilidade de declarar emergência em saúde pública para a varíola do macaco. A entidade internacional emitiu um alerta em que aponta o Brasil como o país que teve o maior aumento mundial de casos em uma semana.
“A Espin (emergência em saúde pública) tem critérios para que seja reconhecida. EUA e Austrália foram os únicos que reconheceram. Até agora não recebi solicitação técnica da área para que considerasse ou não a edição de uma portaria em relação à Espin. Agora eu pergunto: vamos supor que eu reconhecesse hoje, o que ia mudar?", disse a autoridade.
Entre 22 de julho a 7 de agosto, o Brasil saltou de 592 para 1.721 casos, uma alta que chega a 190,7%. A doença se espalhou pelo país, e de acordo com o Ministério da Saúde são 2.747 casos confirmados até esta segunda-feira. São Paulo é o estado que acumula a maior quantidade, com 1.919 diagnósticos.
Na última semana, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) pediu que o ministro decretasse estado de emergência. Assim como ocorreu com a covid-19, o judiciário brasileiro agiu para cobrar celeridade do governo federal para uma resposta sobre a nova crise sanitária.
Medidas de contenção
A primeira morte pela doença foi confirmada em 29 de julho, mesma data em que foi criado o Centro de Operações de Emergências (COE) do Ministério da Saúde contra a varíola dos macacos, que substituiu a sala de monitoramento da monkeypox, comandado pela pasta.
Um cronograma para a aplicação da vacina contra a doença deve ser finalizado nesta semana. O ministro prevê a compra de 50 mil dessas vacinas, com previsão para que a remessa de 20 mil doses chegue ao país no próximo mês. O restante estaria disponível apenas em novembro.
Há também a intenção de adquirir o antiviral tecovirimat, aprovado nos Estados Unidos contra varíola humana pelo Food and Drug Administration (FDA).
Nenhum dos dois produtos passaram pela avaliação da Agência Brasileira de Vigilância Sanitária (Anvisa). A entidade informou que está debruçada sobre a análise de seis produtos, que tem como objetivos a detecção da doença e a testagem rápida.