Alvo da Operação Anjos da Guarda, o grupo que pretendia resgatar a cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC) de presídios do Distrito Federal e Rondônia — entre eles, o chefe da facção, Marcola — tinha três planos de fuga, que foram comunicados aos detentos por meio de mensagens codificadas levadas por advogados. De acordo com a Polícia Federal, o primeiro plano tinha o nome "STF" e previa a invasão de uma penitenciária federal. O segundo, batizado "STJ", envolvia o sequestro de autoridades do sistema penitenciário. Havia ainda o plano "suicida", que envolvia uma 'provável' rebelião, iniciada pelo próprio Marcola, com a tomada de um servidor público como refém.
As informações constam de decisão do juiz Francisco Codevila, da 15ª Vara Federal de Brasília, responsável por expedir 11 mandados de prisão preventiva cumpridos pela Polícia Federal, na manhã de ontem. Os investigados pretendiam soltar não só Marcola, mas outros líderes do PCC.
Os agentes da PF vasculharam 13 endereços em Brasília, Campo Grande e Três Lagoas (MS), e em São Paulo, Santos e Presidente Prudente (MS). Entre os alvos, a mulher de Marcola, Cynthia, apontada como a pessoa que repassou as informações codificadas sobre o plano de resgate. A PF conseguiu identificar os planos do PCC depois de apreender um documento com uma advogada, também alvo de mandado de prisão preventiva. Segundo os investigadores, o arquivo obtido contém detalhamentos para a execução do plano para libertar os presos e menciona o sequestro de integrantes do Sistema Penitenciário Federal e seus familiares, com ordens, inclusive, para matar. Outros advogados também estão sendo investigados.
Segundo a corporação, os áudios indicam que Cynthia cumpria as determinações de Devanir de Lima Moreira, o Deva, um dos principais líderes do PCC que não está preso e apontado como um dos responsáveis por elaborar o plano de fuga dos custodiados. Ele está foragido da Justiça desde 2017 e, de acordo com a PF, há indícios de que esteja vivendo na Bolívia.