Ambientalistas criticam a atuação do governo federal na proteção da Amazônia diante do aumento do número de queimadas em julho. Um dos pontos levantados é de que as ações públicas estão aquém do necessário para combater o problema.
Nesta segunda-feira (1º/8), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou que foram registrados 5.373 focos de calor na Amazônia apenas no último mês. A somatória do ano já atingiu mais de 12.906 focos de queimadas entre o início de janeiro e o fim de julho, um aumento de 14% em comparação ao mesmo período de 2021.
Segundo Edegar de Oliveira, diretor de Conservação e Restauração do WWF-Brasil, o alto número de queimadas representa a “falta de ações concretas de controle”, tanto para a Amazônia quanto para outros biomas.
Os dados sobre o cerrado também preocupam. Foram detectados 17.582 focos de queimadas entre o início de janeiro e o fim de julho - um aumento de 6% em comparação ao recorte do ano passado e 24% acima da média dos últimos 10 anos. A área queimada em junho foi de 11.701 km², um aumento de 16% em comparação a junho do ano passado. Ao todo já são 21.346 km² devastados.
"Este bioma, já perdeu mais de 50% da vegetação original e continua sofrendo pressão de várias frentes, impactando diretamente nos níveis de água do país e na perda das espécies únicas da região", afirma Edegar de Oliveira.
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Impunidade
Em sobrevoo pela região Sul do Amazonas e por Rondônia, o Greenpeace Brasil constatou, além dos focos de incêndio, o início de queimadas em grandes áreas. Rômulo Batista, porta-voz do Greenpeace Brasil, destaca que 90% das áreas desmatadas são usadas para agricultura e pecuária.
O governo federal publicou um decreto em junho que suspende a permissão do uso de fogo em todo o território nacional até o fim deste ano. Para o porta-voz do Greenpeace Brasil, no entanto, a medida não surtiu efeito. "Se a pessoa já desmatava ilegalmente, proibir o fogo não muda nada. Desde junho é ilegal e nada acontece", avalia.
“Vivemos o descaso histórico, além do que vimos nos últimos meses tanto o Legislativo quanto o Executivo até apoiando essas atividades, trazendo um senso de impunidade”, acrescenta Rômulo.
A reportagem entrou em contato com o Ministério do Meio Ambiente, mas não obteve retorno até a mais recente atualização desta reportagem.
Impacto eleitoral
De acordo com Rômulo Batista, outro aspecto que deve ser levado em conta é o aumento histórico de desmatamento no período eleitoral. “Isso acontece porque aquele que desmata não sabe quem vai ser o próximo governo, então não liga para consequências. Podemos ver pelo abandono de investimento no meio ambiente. Infelizmente, é preocupante para o futuro."
No entanto, Batista ressaltou a importância das eleições de outubro para a pauta ambiental no país. “É uma chance de mudar o país. Temos a oportunidade nas urnas de pensar qual Amazônia queremos, de mostrar a importância de uma das maiores florestas do mundo e provar que o Brasil enxerga o bioma como uma riqueza em pé através do voto.”
*Estagiário sob supervisão de Mariana Niederauer