O Brasil registra, em média, 172 casos de desaparecimento por dia. Em 2021, 65.225 mil pessoas sumiram, segundo dados do 16º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o que representa um aumento de 3,2% em relação a 2020. A taxa é de 30,7 por 100 mil habitantes e, nos últimos cinco anos, houve 369.737 registros.
Em 30 de agosto, celebra-se o Dia Internacional das Pessoas Desaparecidas. Por conta disso, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CIVC) e o projeto Playing for change lançaram uma campanha, ontem, para reforçar a necessidade de acompanhar os parentes de pessoas desaparecidas e de dar uma resposta àqueles que continuam em busca de um membro da família.
O sentimento de quem teve alguém desaparecido é o de viver um luto sem sepultura. "É devastador. Enquanto você não resolve, você fica no limbo e ninguém aguenta ficar assim. Dia e noite, parece que tem uma mão apertando meu coração", conta Jovita Belfort.
Mãe de Priscila Belfort, desaparecida aos 28 anos em 9 de janeiro de 2004, Jovita conta a dor incomensurável que vive há 18 anos, desde que a filha sumiu depois de sair do trabalho para almoçar, no centro do Rio de Janeiro.
Por enfrentar continuamente essa angústia, Jovita se aproximou da causa dos desaparecidos. Ela desabafa que no ano em que Priscila desapareceu, ainda eram escassas as organizações brasileiras que apoiavam as famílias e davam visibilidade aos desaparecimentos no país.
"Quando uma pessoa morre, a gente geralmente sabe o que tem que fazer. Mas quando uma pessoa desaparece, é bem diferente. O desaparecimento muda toda sua maneira de pensar", lamenta.
Larissa Leite, coordenadora do programa de Proteção de Vínculos Familiares do CICV, explica que é fundamental que as autoridades promovam ações e deem respostas adequadas às pessoas que buscam por alguém sumido. Ela também frisa a importância das redes de apoio.
"As associações de parentes têm um grande papel. As famílias falam com outras que estão vivendo a mesma situação, e conseguem se apoiar mutuamente. O desaparecimento gera uma incerteza sobre onde a pessoa pode estar. O tempo não ameniza a dor, pelo contrário", explica Larissa.
Após 18 anos do desaparecimento da filha, Jovita conta que continua a procura. "Todos os dias lembro dela e é uma dor sem fim. Não tenho o corpo dela, mas, se Deus quiser, está viva. Tenham sempre esperança", ensina.
*Estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi
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