O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) já efetuou mais de 6,5 mil rescisões de contratos de trabalhadores temporários recrutados para o Censo Demográfico 2022. As desistências ocorrem em meio a relatos de agressões e hostilidade contra os profissionais. O IBGE, no entanto, afirma que o número está "dentro do previsto".
Os profissionais, responsáveis pela coleta dos dados, estão trabalhando desde o início de agosto e têm relatado que muitas pessoas se recusam a responder o questionário, que é obrigatório.
Pelas redes sociais, são muitos os relatos dos trabalhadores sobre a dificuldade que têm sido colher os dados. Também há a reclamação do atraso no pagamento devido aos temporários. De acordo com o IBGE, a situação de 95% dos casos foi regularizada. "Eles ocorreram, em grande parte, por informações incorretas (número da conta e CPF, principalmente) prestadas pelos candidatos aprovados, muitos deles em seu primeiro emprego".
Gente sinceramente, o IBGE podia lançar uma campanha junto com o censo chamada: não humilhe um recenseador
— li (@fragiLisa) August 11, 2022
Onde já se viu ter 12 anos pra preparar o Censo e só começar a pouca divulgação em 31 de julho e ainda não deixar claro q responder é obrigatório???
O IBGE trata o recenseador como um pedaço de b0sta. E o informante trata a gnt pior q b0sta. Basta de sofrer humilhação todo dia.— • • • (@imadiamond0) August 15, 2022
Chegou hora de pedir clemência à Deus para que nas casas que eu visitar hoje para fazer o recenseamento, eu seja bem recebido. É preciso complementar minha renda e buscar ter uma vida mais tranquila, o censo 2022 é muito importante para todos nós.
— Dom Estéfano em Atividade Nacional PL 22 (@Estefano_lopes) August 22, 2022
Adotar políticas públicas.
Em Belo Horizonte, um recenseador chegou a ser vítima de injúria racial. Uma moradora disse que ele tinha "pinta de assaltante". O caso foi denunciado na Delegacia Especializada de Crimes Raciais.
Em nota, o IBGE afirmou que os casos de violência são encaminhados para os órgãos de segurança e que crimes contra o recenseador estão sujeitos a investigações federais. "Sobre os incidentes, cabe às unidades estaduais do IBGE monitorar caso a caso. A unidade estadual onde eventualmente há ocorrência é orientada a informá-la. O que é informado é encaminhado aos órgãos de segurança. Se necessário, o recenseador receberá apoio da área médica e social. Se a hostilização se tornar violenta, a recomendação do IBGE ao recenseador é inicialmente registrar em delegacia um boletim de ocorrência e comunicar ao coordenador ou ao supervisor para as providências cabíveis", disse.
O Sindicato de servidores do IBGE atribuiu a desistência aos cortes no orçamento do órgão, o que fez com que a divulgação do Censo fosse prejudicada. "O corte de 75% das verbas de divulgação do Censo está diretamente ligado ao aumento dos casos de agressões e desconfiança em relação aos recenseadores, situação que foi agravada também por ataques verbais do próprio presidente da república e do ministro da economia contra o IBGE. O Sindicato reivindica a recomposição orçamentária emergencial para o Censo e o aumento da remuneração para as trabalhadoras e trabalhadores envolvidos. A situação atual é extremamente grave e coloca em risco todo o desenvolvimento de políticas públicas para os próximos anos, que depende diretamente dos dados produzidos pelo Censo Demográfico", disse em nota.
Responder o Censo é obrigatório
O Censo ocorre a cada 10 anos e serve para saber qual a situação de vida da população em cada um dos municípios. Por meio dele, que os agentes públicos pensam nas políticas públicas que serão aplicadas em cada localidade. De acordo com a a Lei nº 5.534, de 14 de novembro de 1968, e com o Decreto nº 73.177, de 20 de novembro de 1973, é obrigatório responder ao questionário. A legislação determina a multa de até 10 vezes o maior salário-mínimo vigente no país, se o infrator for primário; e de até o dobro desse limite, quando reincidente, caso a pessoa se recuse a responder.
O Censo deste ano deveria ter ocorrido em 2020, porém devido à pandemia está sendo feito com dois anos de atraso. Os recenseadores vão visitar 89 milhões de endereços nos 5.570 municípios do país até o fim de outubro. Até o momento, 41 milhões de pessoas responderam ao questionário.
Saiba Mais
- Economia BB é o banco mais associado ao conceito de sustentabilidade, diz pesquisa
- Brasil Adolescente morre após cair de viaduto enquanto soltava pipa em BH
- Cidades DF Previsão do tempo: após 107 dias sem chuva, seca e calor continuam no DF
- Esportes Bia Haddad Maia avança ao top 15 no ranking mundial do tênis
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.