JUDICIÁRIO

STJ: advogado leva filho para sessão e ministro antecipa julgamento

Pai divorciado, Felipe Cavallazi levou o pequeno Lorenzo, de 1 ano, para o plenário da Corte pela primeira vez e chamou a atenção do ministro Mauro Campbell

Correio Braziliense
postado em 19/08/2022 15:59 / atualizado em 19/08/2022 16:04
 (crédito: Lucas Pricken/STJ/Divulgação)
(crédito: Lucas Pricken/STJ/Divulgação)

O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Mauro Campbell mudou a ordem das pautas da Corte, nesta quinta-feira (18/8), após um advogado levar o filho de 1 ano para o plenário.

O advogado Felipe Cavallazzi, pai de Lorenzo, é divorciado e compartilha os cuidados da criança com a mãe do menino. Como era seu dia de ficar com o filho, decidiu levá-lo para o trabalho com ele.

A Segunda Turma do STJ já tinha iniciado os ritos que envolvem uma sessão da corte quando eles chegaram. Ao final da leitura de um dos itens da pauta do dia, o ministro Mauro Campbell se dirigiu aos dois e sugeriu uma alteração na programação do dia.

“Senhora ministra, senhores ministros, eu vou… invocar o Estatuto da Criança e do Adolescente e também a Constituição, porque esta Turma está sendo honrada pela presença do Lorenzo, muito bem comportado, que já se agasalhou por causa do frio”, disse, tendo a sugestão acatada por todos os ministros e participantes da sessão.

A causa em que Cavallazzi atuava foi, então, antecipada. "Observo que o Lorenzo, na hora que o nome dele foi citado, olhou para o pai. Está atento", afirmou o ministro Herman Benjamin. "Se comportou brilhantemente", elogiou Campbelll.

"Ontem era meu dia de ficar com meu filho. E como o tempo com ele é escasso, não desperdiço a oportunidade de estarmos juntos", disse o advogado em publicação no Instagram.

Na publicação, Felipe explica que essa cena era comum na família. "Quando pequeno, ia com a minha mãe acompanhar as audiências que fazia para estarmos juntos e acompanhar o dia-a-dia do trabalho dela; várias vezes assisti às aulas de administração de empresas ministradas pelo meu pai", conta.

Para o advogado, o contato dos filhos com o trabalho dos pais é saudável, não só pelo tempo de convivência.

"Em primeiro lugar, os filhos precisam entender que, como disse Cortella, o dinheiro não é algo que simplesmente sai de uma máquina depois de apertar alguns botõezinhos. Depois, porque é importante nossos filhos terem este contato com o ambiente profissional, para saberem se portar em diferentes locais", pontuou.

Felipe elogiou e agradeceu a atitude do ministro Mauro Campbell, e refletiu sobre famílias que, ao contrário dele, não tem a opção de escolher levar ou não o filho para o trabalho.

"Muitas mães e pais precisam levar seus filhos para o trabalho, sob pena de não ter como trabalhar. Mais uma vez, o STJ se prova como o tribunal da cidadania", escreveu.

 

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