O Observatório Judaico dos Direitos Humanos no Brasil apontou, em um levantamento inédito, que de 2019 para 2020 o número de episódios neonazistas quase dobrou no país — saltou de 12 para 21 casos registrados. Na continuação da análise, 2021 fechou com 49 ataques e no primeiro semestre de 2022 já já são 32 ocorrências do mesmo tipo.
A entidade chegou aos números por meio do resgate de notícias na imprensa e de casos nas redes sociais. No compilado, antecipado, nesta segunda-feira (15/8), pela coluna de Mônica Bergamo, foram destacados dois casos como os mais graves coletados no estudo. O primeiro ocorreu em 2019, na cidade de Suzano (SP), quando uma dupla de atiradores matou 10 pessoas e feriu 11 em uma escola. Em seguida, os autores do atentado se suicidaram.
Mais recente, em 2021, em Saudades (SC), um rapaz executou com um facão cinco pessoas em uma creche e depois se feriu com a arma. Nas investigações, os dois casos apontaram ligação com grupos neonazistas na internet.
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Normalização do ódio
O estudo ainda considerou episódios nazistas aqueles em que os autores fizeram referências explícitas ao holocausto, a Adolf Hitler ou ao nazismo — eventos em que pessoas declararam a não existência de alguma movimentação do período nazista ou que não foi causado um extermínio em massa.
Os dados mostrados pelo Observatório têm como objetivo alertar para uma normalização do ódio contra grupos. "As teorias da conspiração renovadas, o uso de situações do holocausto como referência para comparação com situações de cuidado, entre outros casos relatados neste documento, alertam para a normalização da desumanização e a licença para a violência características do nazismo, do neonazismo e neofascismo. E obviamente, do antissemitismo", pontuou o levantamento.
"Esse crescimento [de eventos neonazistas] sinaliza a gravidade de um processo que, em nosso país, atinge sobretudo os grupos que historicamente sofrem racismo estrutural. Na Alemanha nazista, o foco principal foram os judeus. No Brasil, as vítimas são os povos indígenas e afrodescendentes", correlacionou o estudo.
O último caso a ganhar notoriedade ocorreu em São Paulo no início do mês, quando um homem foi encaminhado à delegacia após atacar pessoas negras e gays na Biblioteca Mário de Andrade, na capital paulista. Ele estava lendo o livro Mein Kampf, escrito por Adolf Hitler, líder nazista da Alemanha, e discutiu com diversas pessoas que estavam trabalhando e frequentando a biblioteca com discurso racista e homofóbico.
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