Na mesma semana em que o Senado Federal aprovou o Agosto Lilás como mês dedicado à proteção da mulher — uma referência à sanção da Lei Maria da Penha, em agosto de 2006 —, casos de violência extrema contra mulheres chocaram o país.
No Rio de Janeiro, a influenciadora digital Amanda Souza foi espancada e mantida em cárcere privado pelo namorado. Situação semelhante à agonia de uma moradora de Uberlândia, que não teve a identidade revelada. Em Belo Horizonte, o dentista Fernando Mares, de 54 anos, foi morto pela polícia depois de atirar contra a esposa e a enteada.
Amanda Souza, modelo e influenciadora digital, usou seu perfil na rede social Instagram para denunciar o namorado, o segurança Uanderglei da Conceição, de violência física e cárcere privado. No primeiro vídeo, em que é possível ouvir os sons da pancadaria, ela clama por socorro: "Me ajuda, por favor! Não! Socorro! Eu só quero ir embora, eu só quero ir embora!". Depois, Amanda grava o próprio rosto desfigurado e denuncia: "Ó, de novo, olha o que ele (Uanderglei) está fazendo, olha isso aqui que ele está fazendo!".
Na sequência, Uanderglei, também conhecido como Vanderlei Bambam, tira o celular da mão de mulher de forma brusca enquanto grita com ela. E pergunta para a namorada: "Vai continuar? Vai continuar? Vai parar ou não vai parar? Ou você para ou acabou". Depois, diz que a influenciadora estava "fazendo escândalo".
Após uma denúncia anônima, o segurança foi preso em flagrante por policiais da DP de Marechal Hermes, na Zona Oeste da capital fluminense. Bambam responderá por lesão corporal e cárcere privado, no âmbito da Lei Maria da Penha. Às autoridades, ele negou as acusações.
De acordo com a Polícia Civil do Rio, que apura o caso, há indícios de que Amanda Souza vinha sendo mantida em cárcere privado desde a última quarta-feira. Em depoimento, a influenciadora digital registrou que as agressões eram motivadas por "ciúmes". Bambam, que já tem cinco registros de violência doméstica, foi levado, ontem, para o presídio de Benfica, na zona norte do Rio de Janeiro.
Agressor morto
Na noite de quinta-feira, em um bairro de alto padrão de Belo Horizonte, Fernando Mares, que morreu após ser atingido por policiais militares, baleou a esposa, uma advogada de 52 anos, com cinco tiros, um deles no rosto. Depois, disparou contra a filha dela, uma veterinária de 24 anos, que foi ferida na perna.
Acionada por vizinhos que ouviram os tiros, uma equipe da Polícia Militar encontrou o dentista ainda armado e fazendo ameaças contra as duas mulheres feridas. Os agentes tentaram negociar a rendição dele, mas ele ameaçou atirar e acabou alvejado. Fernando Mares chegou a ser socorrido, mas morreu a caminho de uma unidade de saúde. As duas mulheres foram atendidas no Hospital Municipal Odilon Behrens. Na madrugada de ontem, as duas foram transferidas para um local não divulgado.
De acordo com informações do perfil de Fernando Mares no Facebook, o casal estava junto desde 2018. Segundo testemunhas, os dois tinham um relacionamento conturbado, e a esposa, inclusive, já tinha pedido a separação.
Em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, uma mulher de 24 anos denunciou o marido, 25, de mantê-la em cárcere privado dentro da casa do casal. A PM foi ao local após receber denúncia dos vizinhos, que ouviram pedidos de socorro vindos da residência havia alguns dias, em horários diversos.
Os policiais invadiram o local e encontraram a moça chorando. Além do cárcere privado, a mulher contou às autoridades que era vítima de agressões constantes e ameaças de morte à família dela caso revelasse a violência. Na casa, foi encontrada uma arma antiga, mas carregada, que o homem usava para ameaçar a mulher. Ele também monitorava a esposa por uma câmera de segurança. Ao ver a movimentação policial, ele decidiu se entregar.
*Estagiária sob a supervisão de Vinicius Doria
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