Pesquisa divulgada com o Sistema Deter (Detecção de Desmatamento em Tempo Real) desenvolvido como uma ferramenta de alerta para dar suporte à fiscalização e controle de desmatamento e da degradação florestal mostrou uma alta no desmatamento no Cerrado e na Amazônia. Os dados podem ser conferidos no site do Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe) e mostraram que o Cerrado teve 4.091,6 km2 desmatados entre o início de janeiro e o fim de julho.
O valor representa um aumento de 28,2% em relação aos sete primeiros meses do ano passado e é o maior valor acumulado para o período nos últimos quatro anos. O desmatamento desde o início do ano até 29 de julho foi 50% maior que no mesmo período em 2020, quando atingiu 2.726,1 km2 . Desde então, o valor acumulado nos sete primeiros meses do ano não parou de aumentar.
O fim de julho marca o fechamento do "ano DETER", que vai de agosto de 2021 a julho de 2022. Nesse período, o desmatamento do Cerrado atingiu 5.426,4 km2, um aumento de 11,5% em comparação ao mesmo período no ano passado (4.866,6 km2) e de 38,3% em relação ao ano anterior (3.921,6 km2).
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“O acumulado de alertas de desmatamento e esse ano foi de mais de cinco mil quilômetros quadrados, que é um patamar muito semelhante ao que a gente viu em dois mil e vinte e um e é o valor mais alto acumulado entre janeiro e julho dos últimos seis anos. E se a gente comparar por exemplo com dois dezessete, esse valor é praticamente três vezes maior do que foi registrado nos sete primeiros meses de dois mil e dezessete”, afirmou Mariana Napolitano, gerente de Ciências da WWF - Brasil.
Em 2022 houve o segundo pior índice de desmatamento desde que o sistema foi lançado no Cerrado e o pior dos últimos três anos. De acordo com o levantamento os estados que mais desmataram no período correspondem ao Matopiba - região que é considerada a principal fronteira de expansão agrícola no Brasil atualmente: Maranhão (1.255,5 km2), Bahia (1.232,0 km2), Tocantins (876,7 km2) e Piauí (691,5 km2). Com mais de 4 mil km2 desmatados, o Matopiba respondeu por três quartos de toda a devastação no bioma.
Entre os cinco municípios que mais desmataram, quatro são da Bahia. Formosa do Rio Preto (BA) lidera o ranking com 283 km2 de vegetação nativa perdida, sendo 99% dessa superfície na Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Preto. De acordo com os dados, o município baiano tem sido o campeão da devastação do Cerrado nos últimos anos.
Desmatamento na Amazônia
Já na Amazônia, o levantamento revelou que o acumulado de alertas de desmatamento nos sete primeiros meses do ano foi de 5.463,2 km2. Dessa forma, o montante representa um aumento de 7,1% em relação ao mesmo período em 2021. O valor é o maior acumulado entre janeiro e julho nos últimos seis anos. O desmatamento acumulado em 2022 foi três vezes maior que o registrado em 2017, quando foram destruídos 1.790 km2. Desde então, o valor não parou de aumentar ano a ano.
Considerando o ano DETER, de agosto de 2021 a julho de 2022, o acumulado de alertas de desmatamento foi de 8.579,3 km2. Apesar de representar uma redução de 2,3% em relação ao mesmo período do ano anterior (8.780 km2), o valor continua no alto patamar dos dois anos anteriores - e é o terceiro pior ano desde o lançamento do DETER-B, em 2015.
"É difícil falar de apenas um culpado pelo desmatamento, mas todo o enfraquecimento da política, da estrutura de proteção na Amazônia e também associada a uma narrativa de maior impunidade ao crime ambiental foi fomentada pelo governo federal nos últimos anos. Isso é obviamente um fator de acirramento desse problema”, afirmou Napolitano.
Os dados mostram que os estados que mais tiveram registros de desmatamento foram o Pará (3.070 km2) e o Amazonas (2.288,7 km2), somando 62,5% do desmatamento total da Amazônia Legal. Os dois municípios que mais desmataram são do estado do Amazonas: Lábrea, com 571 km2 e Apuí, com 566,4 km2.
Os cinco municípios que mais desmataram no período representam 28,4% do total desmatado na Amazônia Legal, com 2.440,2 km2 de vegetação nativa destruídos. As duas áreas de proteção com maior desmatamento registrado são do Pará: a Floresta Nacional do Jamanxim (87,4 km2) e a Área de Proteção Ambiental do Tapajós (85,3 km2).
Na avaliação de Mariana Napolitano é necessário uma série de medidas para frear o desmatamento do bioma amazônico
“O desmatamento está pior. Na verdade ele vinha aumentando aos poucos desde 2012, mas atingiu um pico e se mantém aí bastante elevado desde 2019. São três anos seguidos, valores muito altos, taxas que a gente não via desde o início dos anos 2000. E aí pra frear o desmatamento vai ser necessário um grande esforço e de políticas públicas por parte do governo. Então planos de proteção de combate ao desmatamento, as queimadas, políticas também de valorização dos produtos da floresta, com maior apoio às cadeias da biodiversidade, além de muito mais rigor ao crime ambiental."
Edegar de Oliveira, diretor de Conservação e Restauração do WWF-Brasil afirma que a Amazônia é patrimônio de todos os brasileiros
“A Amazônia já está sob pressão do aquecimento global e perigosamente perto do ponto a partir do qual ela entra em processo de degradação sem volta. Quando isso acontecer, todo o país ficará mais seco e mais exposto às crises hídricas, energética e até alimentar, com inflação de alimentos, como já começamos a ver. Cada hectare desmatado nos coloca mais perto desse cenário e é por isso que não podemos admitir que números como estes, que o Deter acaba de divulgar, se repitam", disse.
*Estagiária sob supervisão de
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