Correspondente em Lisboa — O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, confirmou presença na cerimônia de comemoração dos 200 anos da independência do Brasil, em Brasília, mas dificilmente aceitará um eventual convite do presidente Jair Bolsonaro para assistir ao desfile militar de Sete de Setembro que o líder brasileiro está organizando em Copacabana, no Rio de Janeiro - o prefeito carioca, Eduardo Paes, já disse que não será possível transferir a tradicional parada da Avenida Presidente Vargas, no centro, para a orla da cidade.
A orientação de assessores de Rebelo de Sousa é para que ele fique longe de atos políticos extremos e concentre sua agenda em eventos puramente comemorativos. O desfile na Avenida Atlântica, cartão postal do país, é visto como uma demonstração de força por parte de Bolsonaro e deve se transformar numa grande afronta às instituições democráticas.
O presidente português, que também participará de cerimônia dos 200 anos da independência no Congresso no dia 8 de setembro, voltará ao Brasil depois de ter sido esnobado por Bolsonaro, que cancelou um almoço entre os dois, depois de Rebelo de Sousa agendar encontro com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, líder em todas as pesquisas de intenção de votos para a Presidência da República. As eleições estão marcadas para outubro próximo.
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O clima político extremamente conturbado no Brasil preocupa o presidente português, que teme ser usado em atos contra a democracia. Por mais que a agenda fechada entre o Palácio do Planalto e o Palácio de Belém seja puramente formal — o detalhamento ainda não foi feito, o que inquieta o governo lusitano —, nada impede que Bolsonaro arraste líderes de outros países para sancionar movimentos golpistas. O presidente brasileiro convidou chefes de governo de países de língua portuguesa para eventos em Brasília sobre os 200 anos da independência do Brasil.
A expectativa de auxiliares do governo português é de que todo o roteiro da participação de Rebelo de Sousa nos eventos do bicentenário da independência seja definido nas próximas semanas, a fim de evitar surpresas desagradáveis. No Palácio de Belém, todos sabem que o líder brasileiro é imprevisível e não economiza em grosserias, como a que fez há pouco mais de um mês, quando desconvidou o presidente português para um almoço.
Até agora, nenhuma outra liderança do governo de Portugal, além de Rebelo de Sousa, confirmou presença nas comemorações dos 200 anos da independência do Brasil organizadas pelo Palácio do Planalto. A expectativa é de que o ministro João Gomes Cravinho, de Negócios Estrangeiros, também esteja presente no evento oficial do Planalto. Mas só definirá sua ida ao Brasil depois do detalhamento da agenda preparada pelo governo brasileiro. Já o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, deve participar apenas do evento organizado pelo Congresso.
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