violência

Assassinato de menina de 10 anos causa comoção em Minas Gerais

Bárbara Vitória estava desaparecida desde domingo, após sair de casa para comprar pão. Corpo tinha marcas de agressão

Bernardo Estillac
Mariana Costa
Marina Proton
postado em 03/08/2022 05:57 / atualizado em 03/08/2022 06:27
 (crédito:  Jair Amaral/Estado de Minas)
(crédito: Jair Amaral/Estado de Minas)

Belo Horizonte — A angústia da família de Bárbara Vitória Lopes, de 10 anos, desaparecida desde o último domingo, terminou de forma trágica na manhã de ontem. O corpo da menina foi encontrado por uma moradora em um campo de futebol no bairro vizinho Pedra Branca, em Ribeirão das Neves (MG), na Grande Belo Horizonte, a poucos quarteirões do local onde ela morava, com sinais de violência e estrangulamento, e indícios que sugerem abuso sexual.

O crime deixou parentes em choque e revoltou a comunidade, que se mobilizou para cobrar apuração. A polícia investiga a autoria do assassinato e já tem um suspeito identificado, mas ninguém foi preso.

Bárbara não voltou para casa após ter ido à padaria comprar pão a pedido dos pais, em um trajeto de apenas cinco minutos da casa da criança. Como Bárbara não retornou, os pais resolveram procurar a polícia. A casa de Bárbara fica entre a padaria e o campo de futebol. Câmeras de segurança instaladas no trajeto registraram o momento em que Bárbara desce uma rua, correndo, pelo asfalto, e também mostram dois homens que correm na mesma direção.

O corpo foi encontrado com uma camisa do Atlético Mineiro, a mesma que ela usava quando desapareceu, mas sem as roupas de baixo. Havia sinais de violência e enforcamento. "A PM foi acionada por uma transeunte, que informou ter localizado o corpo de uma menina", informou o major Wanderson Júnior, que acompanhou a ocorrência no local. Segundo o militar, a região onde a criança foi encontrada é considerada "muito bem policiada e com patrulha constante". "É um caso que não é comum para a região", declarou o major.

Vizinho suspeito

Ontem, um suspeito foi ouvido pela polícia. Muito abalada, a mãe de Bárbara confirmou que foi levada até a casa do principal suspeito do crime. Lá, ela identificou um saco de pães na quantidade que pediu à filha que comprasse, antes de desaparecer. Militares informaram ainda que imagens das câmeras de segurança foram mostradas ao suspeito. Nelas, ele apareceria fazendo um sinal para a menina, que corre em seguida. Após vê-las, o homem negou que fosse ele no registro e disse que nem conhecia Bárbara. Porém, quando os policiais mostraram as imagens para o filho do suspeito, ele teria dito: "Pai, me desculpe. Eu te amo, mas é o senhor nas imagens".

Mesmo diante das palavras do filho, o homem continuou negando a autoria do crime. Os policiais disseram que a mãe de Bárbara reconheceu o suspeito como o homem que fez um conserto nas instalações elétricas da casa dela. Só então, o suspeito mudou a versão e confirmou que era ele nas imagens, que conhecia a menina, mas seguiu negando a autoria do crime. Ele foi levado à delegacia, onde prestou depoimento e liberado em seguida. A Polícia Civil não explicou porque não deteve o suspeito.

Carinhosa e sorridente

Leonardo Rodrigues, amigo da família e padrinho da irmã da criança, disse que Bárbara "era uma menina feliz" e que "a família está muito abalada". Segundo uma colega da escola, ela era muito querida entre os alunos.

Bárbara morava com a mãe, Luciene Vitalino, o pai, Rogério Lopes, um irmão mais novo de 1 ano, uma irmã de 3 e um mais velho, de 15 anos. Segundo vizinhos, era ela quem ajudava a mãe a tomar conta dos mais novos.

A casa da família recebeu muitas visitas durante todo o dia para prestar solidariedade, especialmente à mãe. "Arrancaram um pedaço de mim", dizia aos amigos que tentavam confortá-la.

No fim da tarde de ontem, moradores organizaram uma manifestação para homenagear Bárbara e cobrar justiça. O ato ocorreu no campo de futebol onde o corpo foi encontrado. No local, centenas de moradores se reuniram com balões brancos e fizeram orações. A mãe de Bárbara participou, amparada pelo filho de 15 anos. Sentada em uma cadeira no centro da manifestação, ela recebeu abraços e palavras de conforto.

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