O Ministério da Saúde, em nota técnica, orienta gestantes, lactantes e puérperas (mulheres que se encontram no período pós-parto) que não deixem de usar máscaras em ambientes com muitas pessoas, e lancem mão de preservativos em todos os tipos de relação sexual como medidas preventivas à varíola do macaco (monkeypox). Caso o parceiro ou parceira apresente alguma lesão na região genital, a recomendação é para que não haja contato entre o casal, porque a transmissão do vírus pelo relacionamento íntimo tem sido a mais frequente no surto da doença.
Apesar de as gestantes apresentarem quadro clínico similar ao resto da população, o Ministério da Saúde informou que elas podem desenvolver uma forma mais grave da doença e transmitir o vírus ao feto ou ao recém-nascido, seja durante o parto ou pela amamentação. Por isso, as grávidas e puérperas são consideradas pelo governo como grupo de risco, com prioridade para o diagnóstico laboratorial nas unidades de saúde.
O virologista Bergmann Ribeiro, da Universidade de Brasília (UnB), explica que as gestantes são mais suscetíveis a qualquer tipo de doença. "A carga hormonal e o sistema imunológico são diferentes (durante a gravidez) porque está sendo gerado um filho, e o sistema não pode rejeitá-lo. É o momento em que a pessoa fica mais suscetível à infecção. O problema não é só com a monkeypox", explicou. Atualmente, não existe protocolo de tratamento específico com antivirais no ciclo gravídico-puerperal.
A nota técnica do Ministério da Saúde também traz orientações sobre como profissionais de saúde devem atuar no atendimento de casos suspeitos de varíola dos macacos. Se a gestante assintomática foi exposta ao vírus, mas testou negativo, o monitoramento da paciente pode ser suspenso. Caso ela teste positivamente, é recomendado isolamento domiciliar, sem visitas, durante 21 dias. O mesmo procedimento é indicado para aquelas em que o exame não acusou a contaminação, mas apresentam sintomas da doença. Nesse caso, é necessário refazer o teste se os sintomas persistirem. Em quadros leves, uma equipe assistencial deve acompanhar a gestante durante a quarentena. Nos casos de maior gravidade, a pasta recomenda a internação em uma unidade de saúde.
Segundo Bergmann Ribeiro, a melhor forma de agir no combate da varíola do macaco é por meio do diagnóstico, uma vez que a vacinação em massa não deve ser adotada neste cenário. "Se esses sintomas de dor no corpo, febre ou vesículas aparecerem na gestante, a recomendação é testar. Como não existe vacina, o governo precisa garantir o diagnóstico. Em caso de suspeita, tem que isolar a pessoa para que ela não transmita a doença. O importante é o diagnóstico, para saber se tem a doença ou não", reforçou o virologista.
"Existem outras doenças que causam vesículas na pele. A grávida não pode ver a lesão na pele e já achar que está com varíola do macaco. Não é preciso ficar desesperada, é preciso testar."
De acordo com a nota técnica, uma vez que os estudos que relacionam a varíola dos macacos a grávidas ainda são escassos, as atuais orientações do Ministério da Saúde se baseiam na experiência anterior de gestantes que tiveram a forma da varíola que foi erradicada no Brasil na década de 1980.
*Estagiária sob supervisão de Vinicius Doria
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