Nível de brutalidade é cada vez maior

A senadora e pré-candidata ao Planalto Simone Tebet (MDB) defendeu, ontem, que sua candidatura "é para valer e já está incomodando". A presidenciável criticou a iniciativa de uma ala de seu partido de tentar postergar a convenção nacional da legenda, marcada para a próxima quarta-feira. Pelo menos 11 caciques da sigla se articulam para que o MDB apoie o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder das pesquisas de intenção de voto.

"A minha candidatura é para valer e aí está a prova de que já está incomodando. E por que não tentaram isso lá atrás? Porque não acreditavam que nós iríamos levar até o final", afirmou a senadora em coletiva de imprensa. Ela foi questionada sobre a ameaça feita pelo senador Renan Calheiros (AL) de judicializar a convenção emedebista. Calheiros lidera a ala pró-Lula do partido.

"Esses caciques são sempre os mesmos que estiveram no passado com Lula. Vejam a fotografia. Ela tem cheiro de naftalina", criticou. "Confio na Justiça deste país. Minha preocupação com isso é zero."

A pré-candidata ainda destacou que não tem medo de "cara feia". "Quanto mais bater, vai mais me dar ânimo para continuar. Estou convicta de que nossa candidatura, a partir do dia 27 deste mês, com apoio da federação PSDB, Cidadania e MDB, vai começar uma nova jornada", enfatizou. "Não vão tirar a única mulher hoje competitiva e espaço de fala no momento em que o Brasil mais precisa."

Tebet cumpriu agenda em São Paulo, onde foi recebida pelo prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando (PSDB), no diretório municipal tucano do ABC Paulista. Também estava presente o presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire. Os três partidos compõem o autointitulado centro democrático.

Freire frisou que a consolidação da candidatura da senadora é certa na próxima quarta. "E que tomem tento aqueles que pensam que já venceram as eleições", alertou.

Crise no MDB

Na segunda-feira, Lula recebeu o apoio de representantes de 11 diretórios estaduais do MDB, incluindo Calheiros. No dia seguinte, os caciques do partido se encontraram com o ex-presidente Michel Temer (MDB), que defendeu o adiamento da convenção nacional. A ideia do grupo pró-Lula é dar tempo para articular o apoio ao petista.

O presidente nacional da legenda, Baleia Rossi, descartou, porém, o adiamento. Em resposta, Calheiros ameaçou judicializar o caso. "Sem diálogo, sem avaliações realistas sobre o desempenho da pré-candidatura, sem competitividade nas pesquisas é insanidade sacrificar o MDB nos estados. A persistir a obsessão, não restará alternativa senão a judicialização da própria convenção", postou o senador, ontem, em sua conta no Twitter.