violência

Preso por estupro de mulher durante parto

Enfermeiras fizeram vídeos por desconfiarem da postura do médico, que se aproveitou de parturiente enquanto estava sedada

O médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra, de 32 anos, foi preso na madrugada de ontem acusado de estuprar uma gestante que estava em trabalho de parto no Hospital da Mulher Heloneida Studart, em Vilar dos Teles, bairro de São João de Meriti, na Baixada Fluminense. A prisão foi realizada por policiais civis da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) no município, na região metropolitana do Rio, após denúncia feita pelos profissionais da unidade de saúde.

Quintella foi autuado em flagrante e encaminhado ao presídio de Benfica, na zona norte do Rio. Mais dois partos realizados também no último domingo, além de outro feito no começo do mês — o anestesista trabalhou em todos —, estão sendo investigados. Há a suspeita de que ele tenha estuprado as parturientes nas três cirurgias.

De acordo com a polícia, Quintella foi filmado enquanto abusava de uma paciente, que estava sedada e passava por uma cesariana. Desconfiadas do comportamento do médico e da quantidade de sedativo que ele utilizava na cirurgia, enfermeiras e técnicas de enfermagem esconderam um celular em um armário com porta de vidro, na sala de parto, e registraram o abuso.

As imagens, que serviram como prova para a autuação em flagrante, mostram Quintella ao lado da paciente dopada. Enquanto a equipe cirúrgica se prepara para começar a cesariana, o anestesista tira o pênis da calça e o coloca na boca da grávida. Os outros profissionais tinham a visão bloqueada por uma espécie de biombo e, por isso, não viram o estupro.

A gravação foi feita na noite de domingo passado. A delegada Bárbara Lomba, titular da Deam em São João de Meriti, deu voz de prisão a Quintella, que não esboçou reação. O anestesista foi indiciado por estupro de vulnerável, cuja pena varia de oito a 15 anos de reclusão. Mas também poderá responder por outros crimes, de acordo com o curso da investigação.

Em nota, a Fundação Saúde do Estado do Rio de Janeiro e a Secretaria de Estado de Saúde, responsáveis pelo Hospital Heloneida Studart, dizem que será aberta uma sindicância interna para punir o médico. Segundo nota divulgada pela unidade de saúde, Quintella não é servidor do estado.

"A equipe do Hospital da Mulher está prestando todo apoio à vítima e à sua família. Esse comportamento, além de merecer nosso repúdio, constitui-se em crime, que deve ser punido de acordo com a legislação em vigor", diz a nota. Segundo Clóvis Munhoz, presidente do Conselho de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj), também foi aberto processo disciplinar que pode levar à suspensão do registro de Quintella.

Redes sociais

O médico tem título de especialista em anestesiologia, registro válido no Conselho Regional de Medicina (CRM) e prestava serviço há seis meses como pessoa jurídica nos hospitais estaduais da Mãe, em Mesquita (também Baixada Fluminense), no Heloneida Studart e no Getúlio Vargas. Nas redes sociais, Quintella mostrava sua rotina de trabalho e em uma das publicações, em que aparece em um hospital, escreveu: "Em frente, vou ganhando meu espaço na profissão que escolhi fazer a diferença". Em outra, declarou que as pessoas ainda iriam "ouvir falar muito" dele.

O médico se graduou, em 2017, pelo Centro Universitário de Volta Redonda (Unifoa), na região sul do estado. Atuou em diversos hospitais públicos e privados, e se especializou em anestesia recentemente.