Pelo menos oito pessoas morreram em decorrência das fortes chuvas que atingem estados do Nordeste. Ontem, em Pernambuco, foram registradas mais duas mortes, e uma pessoa está desaparecida. Em Alagoas, a situação é ainda mais preocupante. Seis pessoas morreram desde o início dos temporais — duas só nos primeiros dias de julho.
Dos 102 municípios alagoanos, 56 estão em situação de emergência, segundo a Defesa Civil estadual. Cerca de 60 mil pessoas estão desalojadas ou desabrigadas no estado. A previsão da Sala de Alerta do governo local é que as chuvas diminuam apenas na segunda quinzena de agosto. Por causa das enchentes, a prefeitura de Maceió adiou o reinício do ano letivo, marcado para a segunda quinzena do mês.
O governador, Paulo Dantas, anunciou ontem que irá liberar, além de cestas básicas, um auxílio chuva no valor de R$ 2 mil para as famílias atingidas. Pelo menos quatro rodovias que cortam o estado apresentaram pontos de bloqueio por causa dos alagamentos, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal.
"Quando chove na cabeceira dos rios Paraíba e Mundaú, que nascem em Pernambuco, a água escoa para Alagoas e se concentra na região metropolitana de Maceió. Tanto que as primeiras cidades atingidas em emergência foram no litoral sul. Essa concentração em alto volume é o problema, pois transborda para o estado inteiro", explicou o major Allan Cavalcante, da Defesa Civil de Alagoas.
De acordo com o meteorologista e coordenador da Sala de Alerta de Alagoas, Vinícius Nunes, este é um ano atípico por causa do fenômeno La Niña, que consiste no resfriamento das águas do Oceano Pacífico, provocando alterações na dinâmica das chuvas na Região Nordeste.
"Também há influência das Ondas do Leste, massas de ar originadas na costa africana que convergem para o litoral brasileiro. No entanto, isso é normal. Todo ano acontece no período de chuva. O fenômeno é, inclusive, um dos principais formadores de precipitação da região. A anormalidade é a temperatura do Atlântico, acima do esperado. Essa convergência causa o excesso de chuvas", explicou.
Calamidade
A situação no Rio Grande do Norte também piorou nos últimos dias. Natal registrou nos primeiros dias de julho mais da metade da chuva prevista para o mês inteiro (261mm). A prefeitura da capital potiguar decretou, no domingo, estado de calamidade pública. Segundo a Secretaria Municipal de Obras e Serviços (Semob), foram montados três abrigos para acolher pessoas desalojadas. Até agora, 21 pessoas recorreram ao alojamento improvisado. Na região metropolitana, 35 imóveis foram interditados por causa das inundações ou por risco de desabamento.
"Tivemos dois pontos críticos nos últimos dias. Uma rua com problema de drenagem teve 25 casas interditadas, e em uma das lagoas da cidade houve um deslizamento grande. A cidade está suportando, mas existem deficiências em vias públicas e há três grandes áreas de risco. Estamos monitorando", disse o secretário da Semob, Carlson Gomes, ao Correio.
Pernambuco
Em Pernambuco, de acordo com a atualização de ontem da Central de Operações da Defesa Civil, são 8.640 pessoas desalojadas e 1.446 desabrigadas. O número de cidades afetadas pelas chuvas desde o dia 1º de julho subiu para 42. Dessas, 38 aprovaram decretos de situação de emergência, que foram encaminhados à Secretaria Executiva de Defesa Civil do Estado para que possam receber ajuda financeira do governo.