A Polícia Civil de São Paulo (PCSP) cumpriu, nessa quarta-feira (20/7), mandado de busca e apreensão na mansão abandonada, retratada no podcast ‘A Mulher da Casa Abandonada’, da Folha de S.Paulo. Entretanto, a ação causou incômodo nas redes sociais. Usuários afirmam que toda a repercussão está transformando em vítima Margarida Bonetti, residente do casarão e foragida do FBI, a polícia federal dos Estados Unidos.
O objetivo da operação, segundo a polícia, seria avaliar se Margarida, moradora da mansão abandonada localizada em Higienópolis, em São Paulo, foi vítima de abandono de incapaz ou se a mulher sofre de distúrbio psiquiátrico.
Durante a ação, os agentes tiveram que entrar no imóvel por uma janela, já que Margarida não autorizou a entrada. Luisa Mell, em nome do seu instituto de assistência aos animais e meio ambiente, também estava no local e fez uma live nas redes sociais mostrando detalhes da operação.
A atitude de Luisa Mell e a cobertura do caso foram alvo de críticas nas redes sociais. Os internautas passaram a denominar a situação de “circo”, afirmando que o sensacionalismo pretendia vitimizar uma criminosa.
O caso incomodou tanto os ouvintes do podcast, quanto as pessoas que não tinham conhecimento sobre a história, alegando que o foco deixou de ser um crime e passou a ser o mistério da casa abandonada, em que Margarida se tornou um personagem e, na perspectiva de alguns, mártir da sociedade.
A mulher da casa abandonada precisa de acolhimento, não de julgamento. A crítica ao racismo é completamente válida, ela ter gerado gatilhos é completamente válido. Mas se não começarmos a entender que saúde mental é algo sério, não conseguiremos romper nossos ciclos de ódio.
— alison. (@cryaboutalison) July 21, 2022
Esse circo bizarro vai transformar a mulher da casa abandonada em vítima. Parabéns aos envolvidos.
— maria bopp (@mariabopp) July 20, 2022
A história da mulher da casa abandonada é seríssima. A entrevista com a Bonetti ilustra perfeitamente o pensamento racista escravocrata da classe média brasileira. Mas o sensacionalismo que tá rolando vai esvaziar tudo isso e vitimizar a Margarida. Parabéns aos envolvidos.
— Isa que já foi Bela (@belacristinaaa) July 20, 2022
Um usuário do Twitter chega a relacionar o caso com um dos episódios da série "Black Mirror", que retrata a sociedade do espetáculo. O capítulo também discute sobre as pessoas que desejam fazer justiça com as próprias mãos.
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A Mulher da Casa Abandonada
Margarida Bonetti é uma brasileira foragida do Departamento Federal de Investigação americano (FBI), suspeita de manter uma empregada doméstica em condição análoga à escravidão por quase 20 anos nos Estados Unidos. Após alguns anos, a mulher voltou para o Brasil para morar com seu marido Renê Bonetti, e passou a residir na mansão de sua família, em São Paulo.
A história intrigante foi apresentada em uma reportagem no formato de podcast de Chico Felitti. A história, denominada “A Mulher da Casa Abandonada”, foi baseada nos registros reais do caso e provocou a curiosidade de muitos brasileiros, que passaram a visitar o local fazendo xingamentos.
A origem do caso na justiça
O caso teve início após alguns vizinhos entrarem em contato com as autoridades afirmando que havia uma moradora com possíveis problemas mentais na casa. No início de julho, quando os primeiros episódios do podcast foram publicados, a investigação foi aberta.
Segundo Marcelo Palhares, delegado do 4° DP, a polícia queria entender se existem condições de moradia no imóvel, considerando as condições sanitárias, de higiene e estrutura. Contudo, o casarão, que atualmente se encontra em uma disputa entre os herdeiros, está com aspecto de abandono, telhas quebradas e aberturas nas paredes.
Dependendo dos resultados da investigação, a família de Margarida pode até enfrentar a acusação de abandono de incapaz.
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