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Quem é o homem que expulsou o presidente da Funai de evento da ONU?

Ricardo Rao é indigenista e ex-funcionário da Funai, que se autoexilou na Europa após denunciar pressão de governo brasileiro

Luana Pedra
postado em 21/07/2022 16:33
Ricardo Rao foi colega do indigenista Bruno Pereira, assassinado em junho deste ano -  (crédito: Acervo pessoal)
Ricardo Rao foi colega do indigenista Bruno Pereira, assassinado em junho deste ano - (crédito: Acervo pessoal)

Ricardo Henrique Rao, indigenista e ex-funcionário da Fundação Nacional do Índio (Funai), foi o responsável por questionar a presença do presidente da instituição, Marcelo Xavier, na Assembleia Geral do Fundo para o Desenvolvimento dos Povos Indígenas da América Latina e do Caribe (Filac), que aconteceu nesta quinta-feira 921/07) em Madrid, na Espanha.

Na ocasião, Rao pediu a palavra e afirmou que Marcelo é responsável pela morte do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, assassinados em junho deste ano.

"Esse homem é responsável pela morte de Bruno Pereira. Esse homem é responsável pela morte de Phillips. Você é um miliciano, bandido. Vai embora mesmo, vai para fora", gritou Ricardo Fao, que conseguiu retirar Marcelo Xavier do local.

Autoexílio

No fim de 2019, Ricardo Rao deixou o Brasil após o assassinato do colega Maxiel Pereira, morto a tiros em Tabatinga, no Vale do Javari. Na ocasião de seu autoexílio, o indigenista afirmou que tinha medo de morrer após receber ameaças desse cunho.

Antes de partir para a Europa, Fao entregou à Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados um documento intitulado “Atuação miliciana conectada ao crime organizado madeireiro, ao narcotráfico e a homicídios cometidos contra os povos indígenas do Maranhão - Um breve dossiê”.

O indigenista trabalhou durante dez anos na Fundação combatendo milícias e grupos organizados que realizam exploração ilegal de madeira, narcotráfico e assassinato de indígenas e ativistas no estado do Maranhão. No dossiê entregue à Câmara Federal, Fao denunciava o envolvimento de policiais com as organizações criminosas da região.

Morte de Bruno Pereira era “bola cantada”

Em entrevista ao site Amazônia Real, Ricardo falou de sua relação com Bruno Pereira. Os dois fizeram juntos o Curso de Formação de Política Indigenista da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Sobradinho, no Distrito Federal. Fao relatou o medo que sentiam por realizar o trabalho de fiscalização nessas áreas e disse que teria o mesmo destino de Bruno caso não tivesse se exilado, já que os dois entregaram dossiês e foram ameaçados por isso.

“Olha aí o Bruno! Olha aí o Bruno! Essa bola estava cantada. Não sei por que ele foi entregar esse relatório para o MPF e o DPF. Não sei como. Vazaram, vazaram. E os caras mandaram o “Pelado”, o “Churrasco” e os outros bandidos lá”, afirmou Ricardo.

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