A Polícia Federal (PF) deflagrou as operações Ganância, Golden Greed e Comando, nesta quinta-feira (7/7), para combater a extração e o comércio ilegal de ouro no Norte do país. Ao todo foram cinco mandados de prisão e 82 mandados de busca e apreensão nos estados de Rondônia, Pará, Acre, Goiás, Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.
Ganância
A investigação criada para impedir a extração ilegal de ouro começou em 2021 após denúncia envolvendo empresas de saúde, em Porto Velho (RO). Por enquanto, as autoridades divulgaram 65 mandados judiciais — 5 prisões preventivas e 60 mandados de busca e apreensão.
Segundo a Polícia Federal, os recursos ilícitos colocados nas empresas vinham do garimpo ilegal praticado, pelo menos, desde 2012 por líderes da organização criminosa.
A operação identificou transações de uma mineradora que extraía um volume de minério de ouro incompatível com as autorizações ambientais. A organização também é acusada de lavagem de dinheiro em ações para aparentar a legalidade de operações comerciais com minério proveniente de outros garimpos localizados em terras indígenas e terras da União.
De acordo com a PF, uma das principais estratégias usadas pelo grupo era criar criptoativos próprios para justificar os valores advindos do garimpo ilegal. O grupo também é acusado de lavagem através de empresas de “fachada” e de pessoas físicas — conhecidos como “laranjas”.
A PF aponta que, entre 2019 e 2021, a organização criminosa movimentou mais de R$ 16 bilhões em suas contas, sendo que a estimativa indica que o rendimento da empresa gira em torno de R$ 1,1 bilhão. A investigação demonstrou que a empresa de mineração utilizava licenças ambientais ilegais e extrapolava os limites permitidos.
A Justiça Federal autorizou o bloqueio e recolhimento de bens móveis e imóveis dos investigados até o limite de R$ 2 bilhões. O valor do prejuízo ambiental em apenas um dos garimpos é cerca de R$ 300 milhões. Nesse local, a área afetada pelos impactos da extração de ouro, que são cumulativos e potencialmente irreversíveis, chegam ao total de 212 campos de futebol.
Golden Greed
A ação é a segunda fase da Operação Gold Rush e avança na investigação de organizações criminosas que atuam na extração e comércio ilegais de ouro no Pará.
É direcionada aos integrantes da organização criminosa identificada, incluindo alguns servidores da Agência Nacional de Mineração do Pará. Até o momento, policiais cumpriram 17 mandados de busca e apreensão nos estados do Acre, Goiás, Pará, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul — pedidos pela Justiça Federal em Jundiaí (SP).
A Justiça também determinou a apreensão de dezenas de veículos e máquinas utilizadas na extração de ouro, o sequestro de cinco aeronaves e um helicóptero. Além do bloqueio de contas até o valor de R$ 1,1 bilhão, bem como a suspensão das atividades da mineradora envolvida na apuração.
Comando
A PF cumpriu 5 mandados de prisão no Pará e em São Paulo. Inicialmente as investigações tinham por objetivo identificar organização especializada em tráfico internacional de cocaína por vias aéreas. No entanto, a partir do avanço das investigações, elementos colhidos demonstraram que o comércio ilegal de ouro estava sendo realizado no local.
Com a continuidade das investigações, foram identificados vários indivíduos envolvidos nas atividades ilícitas (pilotos, aeronaves, intermediários, mineradoras e seus proprietário) e efetuadas várias apreensões de ouro extraídos e comercializados de forma ilegal.
*Estagiário sob supervisão de Ronayre Nunes
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