Há três meses, Edson Araújo, de 36 anos, viu no posto de motorista de aplicativo uma oportunidade de não só conseguir uma renda após estar seis meses desempregado, como também oferecer aos fiéis de religiões de matriz africana um transporte exclusivo para transitar com segurança e conforto, sem ter que lidar com olhares de julgamento. O homem ficou conhecido como "Macumber" e disponibiliza o serviço para interessados no Rio de Janeiro. O caso foi noticiado pelo portal G1.
Edson, que é do Candomblé, diz ter criado o serviço por ter passado por episódios de discriminação quando vestido com as roupas da religião e por isso, desde que começou o novo trabalho, pensou em oferecer suporte diferenciado para os “irmãos” da mesma crença. Assim ele fez: espalhou em grupos de fiéis no Facebook que estava disponível para levar e buscar pessoas para as cerimônias e, inclusive, esperar no local.
“Transporte de santo, ibá, assentamento, ebó, despacho, em cachoeira, praia, cemitério... Tudo que o irmão ou irmã precisar para que o trabalho seja feito com tranquilidade e segurança”, dizia a mensagem compartilhada por ele. A atitude chamou a atenção e não demorou até ele receber um apelido: "Macumber", dado por uma participante de um desses grupos.
“Ela entrou em contato comigo, disse que adorou e que ela e as amigas me apelidaram de Macumber. Eu adorei e perguntei se podia utilizar e ela deixou”, contou em entrevista ao G1. Com o nome, ele fez uma página no Facebook e até artes de divulgação. O serviço, único até então, ganhou até um slogan feito por ele: “Vai pra saída de santo e não tem como voltar? Macumber é a solução”.
Edson também passou a oferecer a busca de compras de santo e de peças ritualísticas. Ele também é cuidadoso com os fiéis que precisam realizar oferendas. “Se tem que deixar algo na rua, eu vou e espero. Se tem que ir a uma cachoeira, eu vou e trago de volta”, explicou. Edson afirma que já fechou pacotes para festas e rituais com clientes que usam o serviço toda semana.
O motorista afirma que cobra o valor similar ao cobrado pelo aplicativo, mas pondera a distância que percorre até o ponto de partida do passageiro, já que, se a corrida fosse feita pelo aplicativo, ele estaria perto do local e, por fora, ele busca o fiel onde estiver. Mesmo assim, ele afirma que o lucro é o mínimo.
O esforço de Edson, de acordo com ele, é impedir casos de discriminação, constragimento e violência. “O intuito é minimizar esse dano. A gente faz o possível”, afirma.
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