Por dia, no Brasil, duas crianças com menos de 5 anos morrem em decorrência da covid-19. Os dados analisados pelo Observa Infância, vinculado ao Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), mostram que 1.439 pessoas da faixa etária morreram entre 2020 e 2021.
Os dados do estudo foram coletados no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) e passaram por revisão do Ministério da Saúde e das Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde. O Observa Infância também apresentou os dados de janeiro a 13 de junho de 2022, indicando que o Brasil registrou um total de 291 mortes por covid-19 no período.
Em entrevista ao Correio, Cristiano Boccolini, autor principal do estudo, comentou sobre o levantamento e explicou que ele leva em conta casos em que a covid-19 foi registrada em crianças que morreram, não somente os casos em que a covid foi a causa da morte.
"Nós encontramos no estudo que cerca de 30% dos óbitos não foram óbitos por covid. As crianças morreram porque pegaram covid e desenvolveram insuficiência respiratória, falência dos órgãos. A causa básica é a covid", afirma.
Analisando os primeiros anos da pandemia, os dados mostrados indicam também que as crianças de 29 dias a 1 ano de vida são as mais vulneráveis.
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Importância da vacina
O texto ainda será publicado na Revista de Saúde Pública e o pré-print do documento será disponibilizado nos próximos dias para o público, momento em que mais detalhes e dados analisados pelos pesquisadores serão divulgados.
Na avaliação de Cristiano Boccolini, o estudo reforça a necessidade de se começar a desenvolver e aprovar vacinas para esse grupo de crianças no Brasil. "Enquanto ainda não temos vacina para essa faixa etária, duas crianças estão morrendo de covid no Brasil (por dia)”, avalia. "Fora as mazelas e consequências da covid longa que acomete as crianças", pontuou.
O pesquisador lembrou ainda que outros países já estão aprovando vacinas para as crianças menores de 5 anos, a exemplo dos Estados Unidos e da Argentina, e que isso deveria ser uma prioridade no Brasil. Ele também acredita que a pesquisa pode levantar questões sobre o acesso aos serviços de saúde, ressaltando a importância de se buscar hospitais e postos de saúde em caso de sintomas em crianças.