CB.Fórum

Ampliação do teste do pezinho seria um 'grande avanço', diz neurologista

Neurologista e professor da USP Edmar Zanotelli participou nesta terça-feira (21/6) do CB.Fórum organizado pelo Correio para discutir a ampliação do exame

O neurologista e professor da Universidade de São Paulo (USP) Edmar Zanotelli afirmou, nesta terça (21/6), que a ampliação do teste do pezinho para englobar 51 doenças, inclusive raras como a Atrofia Muscular Espinhal (AME), é um passo muito importante para a saúde pública brasileira. "A gente já tem conhecimento, e a tecnologia já está bem conhecida", defendeu.

O especialista participou da primeira mesa do CB.Fórum "Ampliação do teste do pezinho: um passo fundamental para o diagnóstico precoce de doenças raras". O evento, realizado pelo Correio Braziliense, reúne especialistas para debater o alcance do exame e a necessidade de se fazer a ampliação da testagem o quanto antes.

"Atualmente nós temos seis doenças contempladas pelo teste do pezinho. Alguns municípios já adotaram o teste ampliado, com mais de 50 doenças, mas isso ainda não é uma realidade nacional", explicou.

Também participaram da mesa o presidente da Casa Hunter, Antoine Souheil Daher; a coordenadora do Programa de Triagem Neonatal do Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo, Carmela Grindler; e Suhellen Oliveira, mãe de dois pacientes com AME.

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O neurologista acredita que a ampliação do teste do pezinho seria um grande avanço, já que muitas doenças graves se manifestam nos primeiros dias de vida, e um diagnóstico precoce pode frear o avanço de doenças fatais e garantir maior longevidade e melhor qualidade de vida para as crianças.

"Uma doença como essa numa família, além de afetar muito aquela criança, afeta toda uma estrutura familiar. Afeta o sistema também do SUS [Sistema Único de Saúde]. Quando você faz o diagnóstico precoce e a triagem neonatal, você alivia tudo isso", ressaltou Zanotelli.

"A gente não pode esperar nem uma semana"

Uma das doenças incluídas recentemente no teste do pezinho ampliado foi a AME, que tem grande impacto na vida das crianças acometidas e na de suas famílias. Ela causa uma degeneração das células nervosas do cérebro e da medula espinhal, dificultando os movimentos, a fala, causando atrofia muscular e até dificuldade para respirar. Apesar de não ter cura, o tratamento precoce, logo após o nascimento, pode dar uma vida praticamente normal à criança.

"Na maior parte das crianças (...), as manifestações começam até o segundo ou quarto mês de vida. Exatamente no momento em que a criança começa a sustentar a cabecinha", observou Zanotelli. "Tem dificuldade de sustentar a cabeça, começa a respirar com uma frequência maior. E é uma doença que evolui muito rápido. A gente não pode esperar nem uma semana", completou.

Reprodução - Carmela Grindler, coordenadora do programa de Triagem Neonatal do Estado de São Paulo SES/SP
Carlos Vieira/CB/D.A. Press - Ampliação do teste do pezinho: um passo fundamental para o diagnóstico precoce de doenças raras
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