Após dois anos de edições virtuais, em razão da pandemia da covid-19, a Parada do Orgulho LGBTQIA voltou às ruas de São Paulo ontem. Com o lema "Vote com orgulho: política que representa", a 26ª edição do evento contou com uma multidão de cerca de 3 milhões de pessoas. Dez quarteirões da Avenida Paulista foram ocupados por ativistas, artistas e apoiadores das causas.
Às vésperas das eleições presidenciais, o tom político conduziu o evento, que além de bandeiras de arco-íris, foi marcado por cartazes com a inscrição "Fora, Bolsonaro" e com o rosto da ex-vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018, no Rio de Janeiro. Os discursos de artistas também traziam mensagem similares, com críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PL).
O tema deste ano, segundo o vice-presidente da Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo (APOGLBT-SP), Renato Viterbo, é uma chance de mostrar a importância do voto para as políticas públicas voltadas para a comunidade. "A intenção é votar em pessoas LGBTs e aliadas e que o público entenda o tanto que isso vai refletir também na sua família e no entorno", declarou.
Emanoel Santos, 36 anos, frequenta o evento desde 2009. Para ele, a parada parece uma grande festa para quem vê de longe ou não vive as dores da comunidade LGBTQIA , enquanto na verdade é um local de luta, independente de orientação sexual. "Para alguns a parada é apenas um dia, em que nós, homossexuais, saímos nas ruas e festejamos. Mas eu creio que é o dia em que mostramos que existimos para o mundo, colocando milhões de pessoas nas ruas para lutar por uma causa, e dizer que também somos humanos, independente da nossa sexualidade", disse.
Ele destacou a importância do tema deste ano, diante de tantas pessoas desacreditadas na política: "Sabemos que todos têm a noção que cada voto importa, mas nos últimos anos parece que as pessoas perderam a noção do poder que elas têm nas mãos".
Segurança e respeito
Neste ano, 19 carros fizeram parte do desfile, com a participação de Pabllo Vittar, Ludmilla, Pepita, Mateus Carrilho, Liniker, Majur, Gretchen, Luisa Sonza e o bloco de Carnaval Minhoqueens. O patrulhamento do evento contou com mais de dois mil policiais militares, que garantiram a segurança do ato.
O Brasil é o país que mais mata pessoas LGBTQIA no mundo, por isso, além de celebrar a diversidade, a parada é um apelo por mais segurança e respeito. Sem citar políticos em sua fala, a cantora Ludmilla destacou durante sua apresentação que "a luta (da comunidade LGBT) não está ganha". (RG)