Violência

Pelo menos 19 pessoas foram assassinadas em conflitos no campo em 2022

Relatório preliminar da Comissão Pastoral da Terra aponta que 15 das mortes ocorreram na Amazônia Legal e a maioria das vítimas eram indígenas

Pelo menos 19 pessoas já morreram em 2022 em conflitos no campo, de acordo com relatório preliminar do Centro de Documentação Dom Tomás Balduino da Comissão Pastoral da Terra (CPT). A título de comparação, durante todo o ano de 2021, foram registrados 35 assassinatos em conflitos. O número já representava 75% a mais do que em 2020.

De acordo com os dados preliminares, dos 19 casos registrados este ano, 15 aconteceram na Amazônia Legal e, a maioria, dos mortos são indígenas. Os dados não levam em conta os assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Do Phillips. 

O relatório mostra que até maio, cinco indígenas e dois quilombolas foram mortos. Além disso, também foram assassinatos três ambientalistas, cinco sem terras, dois assentados e dois pequenos produtores rurais. Os crimes ocorreram no Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Rondônia e Roraima. 

De acordo com a CPT, os casos refletem uma situação cotidiana que os povos do campo, das águas e das florestas têm enfrentado no Brasil. "É reflexo da impunidade frente aos crimes no campo, mas não só. Está relacionada também ao amplo processo de retirada de direitos sociais, territoriais e ambientais que vivenciamos no Brasil, com aprofundamento após as eleições de 2018", diz nota.

Ao lamentar a morte de Bruno e Dom, a comissão destacou a grave situação de violência enfrentada pela Amazônia. "O grave crime que vitimou Bruno e Dom escancara o que a CPT vem denunciando nos últimos anos: a Amazônia é o palco onde se concentra o maior número de conflitos e de violências contra os povos originários e tradicionais que ali vivem, e sobre os sem-terra que buscam um pequeno espaço para sobreviver do seu trabalho", afirma. 

Dom e Bruno 

Nesta quarta-feira (15/6), Amarildo da Costa Oliveira, o "Pelado", confessou envolvimento com o assassinato de Dom e Bruno. Ele apontou o local onde estariam enterrados os corpos. Os restos mortais foram trazidos para Brasília para passarem por perícia nesta quinta. 

Bruno e Dom desapareceram em 5 de junho durante uma viagem de 70km no Lago do Jaburu. Os dois foram vistos pela última vez às 6h daquele dia.

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