Nesta quinta-feira (16/6), o Greenpeace Brasil e Reino Unido lamentaram em nota o "cruel assassinato" do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips. Os ativistas estavam desaparecidos desde domingo (5/6) e foram vistos pela última vez na região do Vale do Javari, na Amazônia. De acordo com a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), eles haviam recebido ameaças.
Em nota, a organização ambiental questiona: "O que tem se tornado o Brasil, afinal? Nos últimos três anos, nosso país vem se configurando cada vez mais em uma terra em que a única lei válida é a do 'vale-tudo'. Vale a invasão e grilagem de territórios; vale a proliferação do garimpo; vale a extração ilegal de madeira; vale todo e qualquer conflito territorial… e vale matar para garantir que nenhuma dessas atividades criminosas sejam impedidas de acontecer."
Segundo o Greenpeace, tudo isso é alimentado pelas ações e omissões do governo brasileiro. "Quando quem busca advogar por um mundo mais verde, justo e pacífico tem sua vida colocada à prova, não restam dúvidas de que a nossa jovem democracia está em risco e se equilibra em uma corda bamba", diz o texto.
"Abandono e revolta. São esses os sentimentos que devastam todos nós que, daqui ou de fora da Amazônia, entregamos nossas vidas à defesa dessa floresta e de seus povos. Graças às ações e omissões de um governo comprometido com a economia da destruição, ficamos órfãos de dois grandes defensores da Amazônia e, ao mesmo tempo, reféns do crime organizado que hoje é soberano na região", afirmou Danicley de Aguiar, porta-voz de Amazônia do Greenpeace Brasil.
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A organização apontou que, ao longo dos últimos três anos, os povos da floresta vivenciam um aumento vertiginoso da violência em seus territórios. Dentro do Congresso a situação não é diferente. "Enquanto o mundo lamenta a perda de Bruno Pereira, de Dom Phillips e de tantas outras vidas que diariamente são destruídas nesta cruzada contra a Amazônia, tramitam no Congresso projetos de lei que ameaçam as Terras Indígenas (TIs) brasileiras, como o PL 191/2020, que libera a mineração e outras formas de exploração econômica dentro de TIs; e o PL 490/2007 que, de maneira inconstitucional, advoga em favor do Marco Temporal", reforça.
Para o Greenpeace, o Brasil está mergulhado em um contexto que beira a barbárie e esse cenário não pode seguir avançando. "Já basta. O mundo tem de acordar e tomar as medidas necessárias para pôr fim à violência e à repressão intoleráveis que assolam a Amazônia. A maior homenagem que podemos prestar agora a Bruno e Dom é continuar o trabalho vital deles até que todos os povos do Brasil e as suas florestas estejam totalmente protegidos", declara Pat Venditti, diretora executiva do Greenpeace Reino Unido, país de origem do jornalista Dom Phillips, e que tem dado suporte à equipe do Greenpeace Brasil no acompanhamento do caso.