A Polícia Federal confirmou que a mochila com pertences encontrada pelo Corpo de Bombeiros do Amazonas, na tarde de ontem, é do jornalista britânico Dom Phillips. O comitê de crise, coordenado pela Polícia Federal, divulgou uma nota informando que dentro da bolsa havia objetos dele e do indigenista Bruno Pereira.
Segundo a nota, foram percorridos cerca de 25 km, com procuras minuciosas pela selva, em trilhas existentes na região, áreas de igapós e furos do Rio Itaquaí. "Na região onde se concentraram as buscas foram encontrados objetos pessoais, sendo um cartão de saúde em nome de Bruno Pereira." Além disso, tinha uma calça preta e um chinelo preto que pertecem a Bruno e mais dois pares de botas — um de cada.
Os objetos foram encontrados submersos em uma área que tinha sido isolada no sábado, pela Polícia Federal, às margens do rio Itaquaí. Indígenas que auxiliam nas buscas haviam sinalizado que a mata no local tinha sinais de que um objeto de grandes proporções havia adentrado pelo local. A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Unijava) afirmou, por meio da assessoria jurídica, que os objetos estariam "amarrados para não submergir". "Já estamos fechando o cerco e vamos encontrar de hoje pra amanhã algum vestígio (dos desaparecidos)", disse a assessoria da Unijava.
A corporação confirmou também que uma embarcação foi encontrada na mesma região pela Univaja, que aparentemente pertence a Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como Pelado, que está preso de forma provisória, por 30 dias, desde quinta-feira. "Os órgãos federais e estaduais reforçam o compromisso com a elucidação dos fatos e mantêm a esperança de encontrá-los", informa a PF. Estão em análise também restos orgânicos encontrados no local.
Mistério
Dom e Bruno desapareceram em 5 de junho. A última vez que eles foram vistos foi na comunidade de São Gabriel. Eles haviam viajado até a região de barco, pelo Lago do Jaburu, e pretendiam voltar à cidade de Atalaia do Norte. Bruno acompanhava Dom como guia, e era a segunda vez que eles viajavam pela região. Eles desapareceram em uma área conhecida como Vale de Javari, região de selva amazônica que abriga pelo menos 26 povos indígenas, muitos deles isolados da civilização exterior.
O jornalista tem 57 anos e atua como correspondente no Brasil do jornal britânico The Guardian. Nascido na Inglaterra, ele mora no Brasil há 15 anos, onde escreve, principalmente, reportagens sobre a Floresta Amazônica. Atualmente, ele estava trabalhando em um livro sobre preservação ambiental e desenvolvimento local. Já Bruno tem 41 anos e é especialista da Fundação Nacional do Índio (Funai). Dentro e fora do órgão, ele atua na defesa dos povos indígenas, posição que o fez receber ameaças regulares de criminosos na região.