A Fundação Nacional do Índio (Funai) e a representação dos povos do Vale do Javari — onde Dom Phillips e Bruno Araújo desapareceram — entraram em conflito, ontem. Isso porque o presidente da autarquia, Marcelo Xavier, culpou o jornalista e o indigenista por terem viajado para a região sem o pedido de autorização para o órgão. A acusação foi feita numa entrevista ao programa Voz do Brasil, da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC).
A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), porém, desmentiu a afirmação de Xavier. Por meio de nota, disse que a ida de Bruno estava registrada e autorizada, mas ele não chegou a entrar na terra indígena. Encontrou-se com Dom na localidade de São Rafael e, juntos, voltaram a Atalaia do Norte.
"O documento foi assinado eletronicamente por Mislene Metchacuna Martins Mendes, coordenadora regional substituta, em 12/05/2022. Nos mesmos termos se expressa o ofício nº 34/2022/CR-VJ/Funai em resposta ao ofício 037/2022/Univaja (4084773), quando declara: '(...) em resposta ao ofício em epígrafe pelo qual vossa senhoria solicita autorização de ingresso na Terra Indígena Vale do Javari, especificamente nas aldeias Kumãya, Maronal Matkevaya, Morada Nova e São Sebastião, localizadas na calha do Rio Curuçá, objetivando participar de reuniões com o intuito de discutir sobre o território e estratégias indígenas para protegê-lo, informamos sobre a viabilidade de autorizarmos o ingresso da equipe'", salienta a nota da Univaja.
Segundo Xavier disse na entrevista, é "muito complicado quando duas pessoas resolvem entrar na área indígena sem nenhuma comunicação formal aos órgãos de segurança, nem mesmo à Funai, que exerce sua atribuição dentro dessa área indígena". (FG e TA)