Família

Menina de 13 anos afastada da mãe por ir à umbanda voltará para casa

Filha de Liliane dos Santos voltará para casa após passar mais de um mês em um abrigo municipal de Ribeirão das Neves. Defesa alegou racismo religioso do MPMG

Márcia Maria Cruz - Estado de Minas
Fernanda Tiemi Tubamoto*- Estado de Minas
postado em 30/06/2022 09:42
 (crédito: Arquivo Pessoal/Reprodução)
(crédito: Arquivo Pessoal/Reprodução)

A menina de 13 anos que a mãe afirma ter sido afastada dela por racismo religioso, por ela a ter levado à umbanda,voltará para casa. Os advogados de defesa informaram ao DiversEM, nesta quarta-feira (29/6), que já possuem a ordem judicial para que a garota retorne aos cuidados de Liliane dos Santos, de 38 anos.

O caso está em voga desde maio, quando a 2ª Vara da Infância e Juventude de Ribeirão das Neves, a pedido do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), determinou que a adolescente ficasse em um abrigo municipal de Ribeirão das Neves (MG). O MPMG e o Conselho Tutelar (CT) da cidade de 341 mil habitantes afirmaram, em nota enviada à reportagem, ter havido "desvirtuamento da realidade fática".

Liliane dos Santos foi afastada de sua filha após a direção da Escola Estadual João Lopes Gontijo ter acionado o CT de Justinópolis alegando que a menina tinha crises de convulsão e apresentava marcas no braço, além de usar guias e colares de proteção de orixás.

A defesa da mãe apontou que o caso se trata de racismo religioso, por Liliane ter levado a filha à umbanda, e alegou fragilidade da denúncia apresentada pelo Ministério Público, baseada em relatos da direção da escola e do Conselho Tutelar sem provas documentais de maus-tratos, o que poderia justificar a perda da guarda.

Ainda segundo a defesa de Liliane dos Santos, o documento do MPMG enviado ao juiz contém afirmações que podem indicar um caso de intolerância religiosa. O órgão propôs a retirada da guarda da filha em razão de um tratamento espiritual na umbanda.

O MPMG argumenta ter adotado providências imediatas visando à proteção da adolescente quando tomou conhecimento do caso. “As informações colhidas nessa fase inicial das investigações apontavam diversas violações de direitos, notadamente à saúde, já que ela estaria sendo submetida a lesões corporais, ingestão de bebida alcoólica, restrição da liberdade de ir e vir e omissão de tratamento por equipe de saúde”.

 

Contato por telefone

Há cerca de duas semanas, Liliane conseguiu falar com sua filha por telefone, quando a menina pediu para voltar para casa. "Perguntei 'como você está aí, minha filha?' e ela respondeu 'estou bem, mamãe. Só quero ir embora para minha casa'.

Enquanto isso, na casa de Liliane, a cama está arrumada à espera da menina com edredom laranja, um urso rosa e os travesseiros com fronhas floridas.

 


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