JUDICIÁRIO

40% das servidoras e magistradas brasileiras já sofreram violência doméstica

Levantamento da USP de Ribeirão Preto e da FGV indica ainda que o maior tipo de violência sofrida pelas mulheres que atuam no Poder Judiciário é o psicológico

Raphael Pati*
postado em 29/06/2022 16:40 / atualizado em 29/06/2022 16:41
 (crédito: Zach Guinta/Unsplash)
(crédito: Zach Guinta/Unsplash)

Um estudo revelou que 40% das servidoras e magistradas que atuam no sistema de Justiça brasileiro já sofreram algum tipo de violência doméstica. Dentre aquelas que responderam já ter passado por esse trauma, 81% revelam que o(s) incidente(s) ocorreram há mais de um ano, 13% afirmam que sofreram esse tipo de violência nos últimos 12 meses e 6% contam que enfrentam atualmente essa situação.

Ao todo, 300 respostas foram contabilizadas pelas pesquisadoras da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP) e pela Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV).

De longe, o tipo mais frequente de violência sofrido pelas mulheres que responderam ao estudo, é o psicológico, assinalado por 92% das respondentes. Quase metade das participantes - em torno de 47% - já passaram por situações de violência moral. Em seguida aparecem violência patrimonial (32%), física ou ameaça (31%) e sexual (16%).

"Ambiente ainda hostil às mulheres"

Os casos que envolvem violência praticada pelo companheiro são os mais frequentes, sendo citados por 83% das servidoras e magistradas. Depois aparecem as agressões cometidas por pais (14%), irmãos (7%), tios/sobrinhos (6%) e filhos (1%).

“Esses dados reforçam o entendimento de que as respostas do sistema de Justiça não têm dado conta de enfrentar a violência doméstica e familiar, inclusive no caso de mulheres que ocupam uma posição de elite na sociedade. O indicativo de que as duas categorias têm receios ou vergonha de pré-julgamentos feitos por colegas de trabalho, que atuam no sistema de Justiça, sinaliza para a persistência da Justiça como um ambiente ainda hostil às mulheres e perpetrador de violências de gênero”, cita trecho da publicação da pesquisa.

*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação