Mortes no Amazonas

Ilustração do Correio é exposta em funeral de Dom Phillips

Imagem que estampou capa do Correio Braziliense, do ilustrador Kleber Sales, foi exposta durante cerimônia de despedida do jornalista inglês

Thays Martins
postado em 27/06/2022 10:56
 (crédito: G1/ reprodução)
(crédito: G1/ reprodução)

A ilustração que estampou a capa do Correio Braziliense em 16 de junho foi usada pela família de Dom Phillips em forma de homenagem ao jornalista inglês durante velório dele em Niterói, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, neste domingo (26/6). A imagem foi desenhada pelo ilustrador Kleber Sales e publicada na capa do Correio no dia seguinte aos corpos do jornalista e do indigenista Bruno Pereira serem encontrados no Vale do Javari, no oeste do Amazonas. 

Um jornalista norte-americano, amigo da família, viu a capa do Correio, gostou do desenho e pediu o arquivo de Kleber para fazer os quadros para presentear os familiares. De acordo com ele, a imagem é a representação da frase usada pela esposa de Bruno, Beatriz Matos, para homenagear o marido: "Agora que os espíritos do Bruno estão passeando na floresta e espalhados na gente, nossa força é muito maior", escreveu ela. 

O velório e cremação de Dom Phillips ocorreu neste domingo, no cemitério Parque da Colina. Estavam presentes a família brasileira e britânica do jornalista. Em frente ao caixão, foi colocada a ilustração que mostra os rostos de Dom e Bruno formados por meio dos rios que cortam a Amazônia. Na manchete, tem a seguinte frase: "As veias abertas de uma barbárie". "Esperava que fosse uma homenagem a eles que dedicaram as vidas à Amazônia e cuidado com os povos originais. Talvez tenha funcionado", afirma Kleber Sales. 

ilustração Kleber Sales em homenagem a Dom e Bruno
ilustração Kleber Sales em homenagem a Dom e Bruno (foto: Kleber Sales/ CB)

De acordo com ele, o desenho foi feito no calor da notícia do desfecho das investigações. O anúncio de que os corpos tinham sido encontrados foi dado pela Polícia Federal na noite de 15 de junho. "Na tarde daquele dia me foi pedido algum desenho a respeito do caso. Tive dificuldade, pois já havia feito duas charges a respeito nas páginas de Opinião em dias anteriores", lembra.

Foi então que ele lembrou de um vídeo, em que Bruno aparece cantando na floresta junto a indígenas em Kanamari, uma das quatro línguas indígenas que ele falava. "Fiquei muito chocado com o crime e o vídeo que surgiu do Bruno Pereira cantando na floresta e tentei partir para uma abordagem da conexão deles com a Amazônia, a floresta, e não com a violência do crime", destaca.

Despedida 

Durante o velório de Dom Phillips, a família do jornalista cobrou justiça pela morte dele. "Seguiremos atentos a todos os desdobramentos das investigações, exigindo justiça", disse a viúva Alessandra Sampaio. 

A irmã de Dom, Sian Phillips, destacou o trabalho que ele estava fazendo na Amazônia tentando lutar pelos povos da floresta e pelo meio ambiente. "Ele foi morto pois tentou contar ao mundo o que está acontecendo com a floresta e seus habitantes, sobre o impacto das atividades ilegais nessa floresta. Ele foi morto tentando ajudar indígenas", disse. 

Bruno Pereira foi velado e cremado na sexta-feira (24/6) no Recife, cidade onde ele nasceu. A cerimônia foi marcada por uma homenagem feita por indígenas. 

Os corpos de Bruno e Dom foram encontrados em uma área de igarapé, após um dos suspeitos confessar o crime a apontar o local onde estavam os restos mortais. Os corpos passaram por perícia em Brasília. De acordo com a investigação, Dom morreu com um tiro no tórax, enquanto Bruno foi morto com três tiros, um na cabeça e dois no tórax. Até o momento, quatro pessoas foram presas suspeitas de envolvimento no crime. 

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